Induções têm 30 a 35% de probabilidade de acabar em cesariana

Investigadores da Universidade de Coimbra apostam na criação de sistema para prever tipo de parto

Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em conjunto com a Faculdade de Medicina da UC (FMUC), apostam no desenvolvimento de um sistema que tem como objetivo prever, através de análise computacional, a possibilidade/probabilidade de um parto vaginal após a indução do mesmo.

Atualmente, as induções de trabalho de parto são realizadas cada vez mais frequentemente, mas nem sempre terminam num parto vaginal. Foi precisamente este o ponto de partida para a investigação “Predicting Vaginal Delivery After Labor Induction with Machine Learning", da autoria de Iolanda Ferreira, doutoranda de Ciências da Saúde, orientada por Ana Luísa Areia, professora da FMUC, e coorientada por João Nuno Correia, docente da FCTUC.

«Logo à partida, todas as induções têm 30 a 35% de probabilidade de acabar em cesariana, portanto, sabemos de antemão que 70% das mulheres vão ter um parto vaginal. No entanto, se dessas 30% conseguíssemos precisar que vão realmente terminar em cesariana, poder-se-ia aconselhar de forma adequada e proactiva sobre a necessidade de indução de trabalho de parto, um processo árduo para a mãe, o feto e que, de facto, pode acrescer na carga emocional e económica associadas a este procedimento», explica Iolanda Ferreira

Assim, «sendo um procedimento tão frequente, que gera tantos dados, pensámos que talvez pudéssemos utilizar uma técnica que fizesse a sua análise para ajudar os médicos a perceber se vale a pena ou quando vale a pena investir numa indução para obter um parto vaginal», revela a doutoranda, realçando que, neste momento, os obstetras investem na indução de parto em todas as mulheres, sabendo à partida, por determinadas caraterísticas, em quais este poderá ou não acontecer por via vaginal.

Portanto, de acordo com João Nuno Correia, «a ideia é chegar a algo que, através da fusão de dados (tabulares e imagens), forme um módulo de apoio que forneça informação personalizada sobre cada grávida, acerca da elevada probabilidade de parto vaginal após indução. Se esta for elevada, a indução será executada com maior confiança. Caso contrário, ou seja, exista uma probabilidade de cesariana bastante elevada, a grávida pode ser aconselhada de outra forma».

Apesar deste ser um tema já estudado, «a inovação nesta investigação é prever o tipo de parto também utilizando os dados de imagem ecográfica. O clínico baseia-se na história clínica da pessoa e nas suas características no seguimento daquela gravidez, e queremos ver se o sistema, ao analisar aquela combinação de dados clínicos e imagens, percebe de uma forma que posteriormente ajude ou não a tirar alguma conclusão», realçam os investigadores.

Até ao momento, a equipa de investigadores já tem analisados os dados de 2600 mulheres, seguidas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que apontam para resultados promissores. O próximo passo é analisar as ecografias recolhidas e, posteriormente, criar uma ferramenta com todos estes dados e testá-la em pessoas reais.

De acordo com os investigadores, «esta colaboração entre o DEI e a FMUC é fundamental, porque futuramente vai apoiar a decisão dos médicos antes do parto, e consequentemente, permitir melhorar tanto os desfechos neonatais como as experiências das mulheres no parto», concluem.

Fonte: 
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)
Nota: 
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Foto: 
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)