Sindicato dos Enfermeiros denuncia crescente dificuldade na prestação de cuidados de enfermagem no Hospital de Barcelos
Pedro Costa assegura que a situação, sendo transversal a todo o hospital, “é sobretudo complexa no piso de Ortopedia e Cirurgia, que passou das 33 para as 37 camas, tendo o número de enfermeiros diminuído de 37 para 26 profissionais”. Em alguns turnos, admite, “em vez dos sete enfermeiros escalados, só quatro ou cinco estão efetivamente ao serviço, muitas vezes porque abdicam de tempo de descanso para fazer turnos extra e, assim, diminuir o risco de ausência de cuidados de saúde pelos doentes”.
As principais causas para este caos, explica o presidente do SE, “centram-se na taxa de absentismo por doença, que, sendo similar à do primeiro semestre, não foi tida em conta na segunda metade de 2023”.
Adicionalmente, “vários enfermeiros aposentaram-se ou foram mobilizados para outras unidades de Saúde, sem que tenham sido substituídos”.
A escassez de recursos humanos já levou os enfermeiros de Barcelos a adotar medidas preventivas. “Os colegas estão exaustos e não conseguem fazer todo o serviço”, assevera Pedro Costa. Por isso, em muitos casos, “ajustam os cuidados de saúde prestados em função do número de enfermeiros escalados, quase como se estivessem a prestar cuidados mínimos em dias de greve”.
O cuidar do doente é prioritário para nós.
O presidente do SE sublinha que “os enfermeiros já apresentaram soluções à Administração do Hospital de Santa Maria Maior, designadamente a redução temporária do número de camas, mas a proposta foi rejeitada”. “Preferem continuar a pedir aos enfermeiros para fazerem mais um esforço, para abdicarem de dias de descanso para fazerem turnos extra”, acrescenta. Porém, completa Pedro Costa, “torna-se cada vez mais difícil aceder a este pedido, pois os enfermeiros estão esgotados”.
Segundo as explicações transmitidas aos enfermeiros, “a Administração não tem autorização superior, depreendemos que do Ministério das Finanças, para contratar mais enfermeiros”. Além disso, “deixou caducar em junho a Bolsa de Recrutamento que existia, e só agora está a lançar concurso para a constituição de uma outra Bolsa, o que demora sempre o seu tempo”.
O Sindicato dos Enfermeiros tem estado em contacto permanente com os enfermeiros de Barcelos e admite a possibilidade de adotar medidas mais duras. “É inaceitável que a solução para a escassez de recursos humanos seja sempre a disponibilidade dos enfermeiros para fazer mais um turno, para descansarem menos um dia, para darem mais um pouco a quem lhes tem dado cada vez menos”, frisa.
“Procuramos não falhar com os cuidados de enfermagem aos doentes, mas até isso começa a ser complicado de cumprir”, adverte Pedro Costa. Se nada for feito, admite, “são os doentes que vão acabar prejudicados com a prestação de cuidados de enfermagem menos adequados, algo que queremos evitar”.