Estudo revela que as células imunitárias senescentes promovem o crescimento de tumores pulmonares
Quando as células entram em senescência, deixam de se dividir, mas não morrem e nem sempre são eliminadas do organismo. Podem permanecer no organismo, acumular-se nos tecidos e segregar moléculas nocivas. É por esta razão que as células senescentes são chamadas "células zombie". A razão pela qual as células saudáveis se tornam senescentes não é bem compreendida.
Num novo estudo sobre células cancerígenas, os investigadores descobriram macrófagos senescentes que não só permaneciam no pulmão, como também promoviam o crescimento de tumores.
"Conceptualmente, a ideia de que um macrófago pode entrar em senescência e promover o crescimento de um tumor é algo inesperado", afirma Darren Baker, biólogo de células senescentes da Mayo Clinic e autor sénior do estudo. "Esta descoberta aproxima-nos um pouco mais da compreensão de como os tumores e os tipos de cancro se formam a nível celular".
Baker e os seus colegas descobriram que os macrófagos senescentes parecem bloquear o sistema imunitário, tornando-o incapaz de responder e eliminar o crescimento anormal das células. É este crescimento que causa um tumor.
"Através de diferentes experiências e análises, conseguimos distinguir entre estes macrófagos senescentes e os outros macrófagos. Descobrimos que, se os eliminarmos através de abordagens genéticas ou farmacológicas, abrandamos a formação do tumor", explica o autor principal, Luis Prieto, um pós-doutorado recentemente formado na Mayo Clinic Graduate School of Biomedical Sciences.
Os investigadores argumentaram que as células pré-cancerígenas comunicavam com as células circundantes, incluindo os macrófagos, e desencadeavam a senescência dos macrófagos. Por sua vez, as células senescentes pareciam então alterar a área à sua volta de forma a promover o crescimento do tumor.
Inicialmente, os investigadores pensaram que a remoção das células senescentes resultaria num maior número de adenomas, o tipo de tumor pulmonar estudado. Mas os resultados das primeiras experiências mostraram o contrário.
"Foi bastante desafiante, porque sempre que realizámos uma experiência, aconteceu o oposto do que esperávamos", diz Prieto. "No caso da remoção dos supressores tumorais que regulam as células senescentes, a expetativa era que houvesse mais tumores, mas o que aconteceu foi que os resultados foram o oposto. Apareceram menos tumores na ausência destes supressores tumorais".
Os investigadores trabalharam com o coautor do estudo, Hu Li um investigador de medicina individualizada da Mayo Clinic, e fizeram a sequenciação do ARN de uma única célula no seu laboratório. Este trabalho ajudou-os a identificar os macrófagos pulmonares como o principal tipo de célula que promove o crescimento do tumor. Atualmente, acreditam que os macrófagos estão a responder às células pré-cancerosas quando estas começam a causar tumores.
"Tivemos de repensar as nossas ideias iniciais porque ficámos a saber muito mais sobre o que as células são capazes de fazer. Depois disso, começou a fazer muito mais sentido a forma como as células senescentes dos macrófagos podem influenciar outras células, o ambiente e, neste caso, o sistema imunitário", afirma Baker.