Estudo demonstra relação entre a poluição e a fertilidade feminina
Com o objetivo de demonstrar a relação entre a poluição e a fertilidade feminina, uma equipa de investigadores - entre eles, Ernesto Alfaro-Moreno -, explorou a presença de partículas de poluição do ar em tecidos de ovários humanos e em ovócitos em vários estágios de maturação, tendo conseguido, «com recurso a tecnologia de laser (femtosecond pulsed laser illumination), visualizar as partículas de carbono negro em amostras de tecidos humanos, estando presentes em todo o fluido folicular examinado».
Segundo o INL, esta investigação «levanta preocupações quanto ao perigo de as partículas poluentes comprometerem a fertilidade feminina».
«Com um número finito de oócitos à nascença, cada mulher possui células sexuais em estado imaturo potencialmente encerradas em folículos durante décadas. Ao longo dos anos reprodutivos, a maturação dos ovócitos culmina na libertação de uma única célula a cada mês (ovulação). O estudo foi conduzido em tecido com folículos em diferentes fases de crescimento e no fluido que envolve os oócitos antes da ovulação. Em todos os estados de maturação, foram encontradas partículas de poluição do ar, comprovando a capacidade de alcançar as células sexuais femininas», esclarece em comunicado.
Estudo anteriores destacaram a ligação entre a qualidade do ar e a perda de fertilidade em mulheres. «No entanto, as orientações atuais da Organização Mundial de Saúde para a qualidade do ar baseiam-se na saúde respiratória, desconsiderando os impactos na saúde reprodutiva», alerta o grupo de investigação.
Segundo Eva Bongaerts, responsável pela condução do estudo, estes resultados «sugerem que a matéria poluente não permanece nos pulmões, alcançando outros órgãos, onde se incluem, necessariamente, os ovários».
Deste modo, e de acordo com os investigadores, urge recolocar a saúde feminina no centro da atenção da ciência e da agenda pública.
O estudo “Ambient black carbon particles in human ovaries and follicular fluid”, foi publicado na revista Environment International e pode ser consultado aqui: https://doi.org/10.1016/j.envint.2023.10814.