Coligação Nação Invisível alerta para a principal causa de morte evitável em Portugal
As DCCV são a principal causa de morte evitável no nosso país, bem como a primeira causa de incapacidade. O número de vidas já perdidas ganha ainda maior impacto quando as mais recentes estatísticas são perspetivadas: 68% da população tem dois ou mais fatores de risco de DCCV, e 22% quatro ou mais. A título de exemplo, 2 em cada 3 mortes por estas doenças são devidas a doença cardiovascular arteriosclerótica (DCVA) não controlada: 25 mil pessoas por ano. Um estudo recente comprova que os doentes em risco cérebro-cardiovascular elevado e muito elevado não conseguem baixar o seu colesterol ‘mau’ LDL para os valores preconizados nas recomendações clínicas. Apenas um exemplo da oportunidade perdida de uma maior aposta na prevenção e controlo dos fatores de risco associados à DCCV.
A Coligação “Nação Invisível” nasce da preocupação com a falta de medidas adequadas e de ações concretas por parte das autoridades de saúde para reduzir, de forma eficaz, o impacto negativo que estas doenças têm na sociedade portuguesa nas esferas da saúde social e económica. As organizações que atuam na área das doenças cérebro-cardiovasculares concordam em unir esforços e trabalhar em conjunto para alterar o atual cenário das DCCV em Portugal. O objetivo principal será trabalhar para desencadear uma mudança de comportamento na sociedade, junto da comunidade de doentes e dos decisores, de forma que a saúde cérebro-cardiovascular seja uma prioridade. Criar uma estratégia de abordagens integradas que fomentem a literacia dos portugueses sobre os fatores de risco para as DCCV, assim como mobilizar os stakeholders para definir metas concretas partilhadas por todos os capazes contribuir para a implementação de medidas públicas que permitam reduzir o impacto destas doenças no futuro.
“Atuar nas DCCV exige uma mobilização do cidadão a nível individual para que esteja mais consciente dos fatores de risco e possa gerir melhor a sua saúde, mas também ao nível dos nossos decisores que precisam não só de colocar mais recursos na prevenção como também estabelecer prioridades mais claras e que sejam mobilizadoras de todos os setores da sociedade que podem contribuir para que as DCCV deixem de ser um flagelo para as famílias portuguesas”, refere Luís Filipe Pereira, presidente da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca.
“Muito além dos números das DCCV preocupam-nos o contexto e o seu impacto, numa sociedade que enfrenta hoje as consequências de que é inevitável viver e morrer de DCCV. Não podemos aceitar como inevitável o fardo que a sociedade suporta e que, no contexto do envelhecimento que caracteriza o nosso país, sofre consequências que extravasam a saúde e se tornam avassaladoras. Ao longo dos anos temos trabalhado com a sociedade civil para a consciencialização da importância de um estilo de vida saudável e do controlo dos fatores de risco e para a necessidade de uma atuação a nível individual e coletivo. É com entusiasmo que o continuaremos a fazer de uma forma integrada através da Coligação Nação Invisível”, comenta Manuel Carrageta, Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia.
“Como representantes dos sobreviventes de AVC, conhecemos de perto as consequências na pessoa, na família e na sociedade da falta de prevenção, de uma atuação precoce e da reabilitação e do acompanhamento adequado das pessoas que sofrem as DCCV. Precisamos não só de valorizar mais a prevenção, como também olhar para as necessidades dos doentes, apostando num Programa de Reabilitação Multidisciplinar adequado e acessível a todos. A Coligação abre as portas a todos os atores que queiram contribuir para que o nosso país não seja aceite como normal ver desaparecer, ou passar a ter uma vida tão desintegrada, tantos dos nossos familiares e amigos por DCCV”, reforça António Conceição, Presidente da Portugal AVC.