1 em cada quinze portugueses com mais de 80 anos sofre de doença grave da válvula aórtica

Mais de 50% dos centros que tratam a estenose aórtica por cateterismo apresentam uma lista de espera de 150 dias

“Listas de espera para a intervenção valvular aórtica” foi o tema de uma das sessões do Congresso 2VRT, com foco na estenose aórtica, uma das doenças mais comuns das válvulas do coração, cujo tratamento apresenta, atualmente, um tempo médio de espera na ordem dos 150 dias. A iniciativa foi organizada pelo Hospital de Santa Cruz e pelo Hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca.

Estes números requerem especial atenção, uma vez que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal registou, nos últimos anos, um agravamento do fenómeno de envelhecimento e de longevidade da população, sendo que cerca de 23% desta é idosa.

O envelhecimento da população reflete, por sua vez, um maior número de doentes com estenose aórtica, que necessitam de intervenção por cirurgia ou cateterismo. Este aumento da prevalência não foi, contudo, acompanhado pelo aumento da capacitação, em termos de meios humanos e técnicos estruturais, para fazer face à patologia. Segundo Rui Campante Teles, “O aumento do tempo de espera também se deve ao facto de existir uma sobrecarga nos Serviços de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca”.

O médico especialista em cardiologia conclui que “Cerca de 50% dos doentes acabam por morrer dois anos após o diagnóstico desta patologia, sendo que provavelmente muitos não conseguem obter um tratamento rápido para a estenose aórtica.” Assim, para inverter esta situação, será necessário, pelo menos, dobrar a capacidade de oferta para estas técnicas, pois só assim se conseguirá dar resposta à prevalência estimada de estenose aórtica em Portugal.

O 2VRT decorreu entre os dias 4 e 5 de maio, no Crowne Plaza Caparica, e teve como objetivo incentivar ao debate informal e aberto entre todos os cardiologistas de intervenção e de várias referências nacionais e internacionais de renome na área.

A edição deste ano contou com o patrocínio da European Association of Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI) e da European Society of Cardiology (ESC).

 

 

Fonte: 
BCW Global
Nota: 
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