Mulheres com múltiplos tumores na mama podem não necessitar de mastectomia, diz investigação
"Estou entusiasmada com estas descobertas porque elas irão capacitar os doentes e as equipas multidisciplinares de cuidados de saúde que cuidam deles. Poderão pensar nesta opção para as mulheres que desejem preservar os seus seios", diz Judy Boughey, autora principal, cirurgiã oncologista de mama e professora de Medicina Individualizada W.H. Odell Chair in Individualized Medicine. "Algumas doentes podem ainda preferir ou precisar de uma mastectomia, o que é uma abordagem perfeitamente válida. Mas ser capaz de oferecer uma opção para mais mulheres diagnosticadas com cancro da mama é um grande avanço".
O estudo prospetivo de um único grupo, um estudo em que todas as mulheres inscritas no estudo são tratadas da mesma forma, analisou dados de 204 mulheres elegíveis com mais de 40 anos de idade que tinham 2 ou 3 áreas separadas com cancro da mama na mesma mama e estavam interessadas em conservá-la. Todas as mulheres tinham mamografia e/ou ultrassom pré-operatório, e todas, exceto 15, tinham imagens de ressonância magnética dos seios. Tinham mastectomias parciais para remover os tumores, seguidas de radioterapia para toda a mama com doses agudas de radiação em cada local de tumorectomia. As mulheres foram seguidas durante cinco anos para que se observassem mais eventos de cancro da mama.
Os dados obtidos após os cinco anos de observação mostraram que com um seguimento médio de 66,4 meses, seis pacientes tiveram recidivas locais. A taxa de recorrência local do cancro foi de 3,1 por cento. O resultado é excelente e é semelhante à taxa de recidiva local para pacientes com um único tumor de mama que receberam terapia de conservação da mama, diz a especialista.
Historicamente, as mulheres com tumores múltiplos na mama têm sido aconselhadas a fazer uma mastectomia. Agora, podem receber uma opção menos invasiva com recuperação rápida, resultando numa maior satisfação e melhores resultados cosméticos, esclarece a oncologista.
Um achado complementar indica que a taxa de ocorrência local era mais baixa em mulheres que tinham imagens de ressonância magnética pré-operatórias do que em mulheres que não as tinham feito antes da cirurgia. Para mulheres com dois ou três tumores numa mama e que estão a considerar a conservação da mama, a ressonância magnética pré-operatória deve ser considerada para assegurar que a doença não seja mais extensa, explica. Numerosos outros fatores, como o tamanho da mama, influenciarão a oferta de terapia de conservação da mama, acrescenta ela.
Este é um ensaio clínico de fase II conduzido pela Aliança para Ensaios Clínicos em Oncologia, que recebeu apoio do Instituto Nacional do Cancro através da Rede Nacional de Ensaios Clínicos. A investigação relatada nesta publicação foi apoiada pelo Instituto Nacional do Cancro dos Institutos Nacionais de Saúde.