Probióticos, bactérias intestinais e perda peso: qual a relação?
De acordo com a especialista em Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Mayo Clinic, Meera Shah, é um facto que “a população bacteriana em pessoas obesas é realmente diferente da população em pessoas não obesas. Mas ainda não sabemos se essa diferença contribui para a obesidade ou se é uma consequência dela”.
Até agora, explica, as pesquisas ainda não deram respostas claras quanto a este ponto. “Apesar de a ingestão de probióticos provavelmente não fazer nenhum mal, pode não ter utilidade no combate à obesidade”, acrescenta.
Antes de tudo, salienta, é importante entender que o ganho de peso é basicamente uma função de desequilíbrio de energia. “Nós ganhamos peso quando ingerimos mais calorias do que aquelas que o corpo gasta. E há algumas evidências de que as bactérias intestinais desempenham um papel na eficiência com que o corpo extrai energia dos alimentos que chegam ao intestino delgado”, justifica.
Segundo a especialista, o trato digestivo contém triliões de bactérias. Muitas dessas bactérias têm funções úteis para o corpo, incluindo metabolizar os nutrientes dos alimentos. No entanto, revela que a especialista que, apesar de muitas bactérias presentas no intestino serem importantes, algumas não o são. “Foram realizados estudos sobre como o desequilíbrio entre as bactérias intestinais pode contribuir para determinados distúrbios médicos”, diz destacando que “ingerir alimentos, como iogurte ou repolho, que contêm probióticos, um tipo de bactéria “boa”, ou tomar suplementos de probióticos têm benefícios comprovados para a saúde”. “Há algumas evidências de que os probióticos podem melhorar a saúde intestinal”, afiança.
“No entanto, até agora, os únicos estudos que mostraram resultados convincentes de que alterar a composição das bactérias intestinais, também chamadas de microbiota intestinal, afeta o peso foram realizados usando ratinhos livres de germes. Por outro lado, os dados em humanos são imprecisos quanto a esta relação”, revela.
Segundo a endocrinologista, o que é claro é que o fator mais importante que determina a composição da microbiota intestinal é a dieta. Mas, como referido anteriormente, isso levanta a questão sobre o que acontece primeiro: a obesidade leva a determinados tipos de microrganismos? Ou um determinado tipo de microrganismo leva à obesidade? Neste momento, não há resposta.
“O que se sabe é que pode tomar medidas para manter a microbiota intestinal saudável, e que essas medidas também ajudam na jornada da perda de peso. Por exemplo, comer muitas frutas e vegetais parece ajudar o desenvolvimento das bactérias boas no intestino. E isso também pode ser benéfico para a sensação de saciedade e para limitar a ingestão excessiva de calorias desnecessárias. Além disso, limitar gordura, açúcar e proteína de origem animal também pode ajudar a manter a microbiota intestinal mais saudável, porque pesquisas mostram que dietas ricas nesses alimentos estão relacionadas com uma composição bacteriana intestinal mais desfavorável”, explica a médica.
Tomar um suplemento probiótico também pode melhorar a saúde da microbiota intestinal, mas, diz Meera Shah, não está claro qual o seu papel na perda de peso. “A maneira mais confiável de perder peso é ter uma dieta saudável e praticar exercício regularmente, para que gaste mais calorias do aquelas que consome”, termina.