Diabetes e AVC
A diabetes é uma alteração do metabolismo dos hidratos de carbono (açúcar, dito de forma simplificada), proteínas e lípidos e que se associa, frequentemente, a múltiplas outras alterações metabólicas nomeadamente obesidade ou hipertensão. Todas estas alterações contribuem para o depósito de gordura nas paredes dos vasos sanguíneos, processo designado por aterosclerose, e que se traduz, muitas vezes, na formação de trombos que, ao impedirem a normal passagem de sangue nos vasos sanguíneos, podem levar a complicações como o AVC. Assim, as pessoas com diabetes têm um risco acrescido, de cerca de 1,5 vezes superior, de AVC em comparação com quem não tem esta patologia e, por outro lado, nas pessoas que sofreram um AVC, mesmo depois de avaliados outros fatores de risco, a diabetes revela ter uma relação privilegiada com o AVC, sobretudo isquémico.
Geralmente, a doença evolui de forma silenciosa, pelo que um diagnóstico atempado e um tratamento incisivo de todos os fatores de risco associados são fundamentais para evitar complicações, sobretudo a longo prazo. E falar de tratamento não é apenas falar de escolher o melhor fármaco levando em consideração as características específicas da pessoa, mas é, também, investir cada dia mais na criação de hábitos de vida saudável, nomeadamente numa alimentação cuidada evitando, por exemplo, produtos processados e na prática de atividade física.
Apesar deste risco acrescido, quando se mantêm as diferentes comorbilidades associadas à diabetes controladas, cumprindo os objetivos preconizados pelas sociedades científicas, o risco de desenvolver AVC e outras complicações associadas à diabetes diminui consideravelmente e isto só é possível unindo esforços entre as pessoas com diabetes, as suas famílias e os profissionais de saúde das diferentes especialidades focando-se na prevenção, no diagnóstico precoce bem como num tratamento incisivo que se traduza numa redução das complicações nomeadamente das complicações vasculares como o AVC.