Cloreto de Cetilpiridínio em colutórios quebra a membrana SARS-CoV-2 e reduz a quantidade de vírus ativo na saliva
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Esta investigação, realizada com amostras de saliva de pessoas infetadas que foram tratadas em centros de cuidados primários, confirma a capacidade do CPC de romper a membrana do vírus. O estudo permitiu demonstrar in vivo que o SARS-CoV-2 perde a sua capacidade infeciosa uma vez que com a membrana destruída não consegue penetrar nas células. Portanto, os colutórios com CPC podem ser uma ferramenta a considerar na prevenção contra a infeção causada pelas diversas variantes do coronavírus. São comercializados, em Portugal, alguns produtos com CPC na sua composição, tais como alguns dos colutórios da Dentaid: Vitis Orthodontic, o Vitis Gingival, o Halita ou o Perio-aid.
“Concluir que um colutório com CPC tenha uma atividade contra o SARS-CoV-2 é uma notícia muito boa, pois o uso desse colutório poderá reduzir a transmissão do vírus entre as pessoas”, celebra a Dra. Andrea Alemany, pesquisadora da Fight Against Infections Foundation e a primeira autora do estudo.”
A Dra. Núria Prat, Diretora dos Cuidados Primários da Área Metropolitana Norte do ICS, destaca o papel destes centros em investigações deste tipo: “o facto de se ter acesso direto a grandes amostras de pessoas e o trabalho conjunto entre profissionais de
Medicina Geral e Familiar, Enfermagem e Medicina Dentária, permitiu o trabalho de campo necessário para a realização do estudo”.
Um relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS) enfatiza o importante papel que a saúde oral desempenha na manutenção de um bom estado de saúde geral, incluindo por exemplo a sua relação com a Doença Cardiovascular e a Diabetes. “Os resultados deste estudo permitem-nos confirmar que os cuidados com a saúde oral podem também ajudar prevenir a propagação do Sars-Cov-2”, conclui o Dr. Joan Gispert, diretor de I+D+i da DENTAID.
Metodologia do estudo
Este estudo, publicado na revista científica Journal of Dental Research, é o resultado de um ensaio clínico aleatório, duplo-cego, paralelo e controlado por placebo, que foi realizado em 19 centros de cuidados primários da região metropolitana do Nord de Catalunya durante os meses de fevereiro a junho de 2021. Participaram 118 adultos com infeção assintomática por SARS-CoV-2 ou com sintomas leves de COVID-19, nos quais a quantidade de vírus (na saliva?) com capacidade infeciosa foi analisada através do teste ELISA. "Com este teste, ao contrário do PCR, podemos avaliar a capacidade do CPC em romper a membrana do vírus uma vez que ele deteta as proteínas do nucleocapsídeo do SARS-CoV-2”, explica a Dra. Nuria Izquierdo-Useros, investigadora principal do IrsiCaixa e coautora do artigo. As equipas de Medicina Dentária dos centros de cuidados primários foram responsáveis pela realização dos procedimentos do estudo, com a coordenação da equipa de pesquisa da Fundação de Combate às Infeções. Por outro lado, todas as amostras foram analisadas no departamento de Microbiologia do Laboratório Clínico da Metropolitana Nord e na IrsiCaixa.
Um hábito saudável
As conclusões do estudo apontam para que a utilização de colutórios com CPC pode ser adicionada a outras estratégias para evitar a disseminação do SARS-CoV-2, especialmente agora que as medidas de proteção, como o uso de máscaras, está em declínio.