Maus hábitos alimentares, obesidade e sedentarismo elevam casos de cancro digestivo
Fatores de risco
Além destes hábitos de vida prejudiciais, existem fatores de risco que têm uma correlação mais forte com cada tipo de cancro:
- Para o cancro do fígado, que é responsável por cerca de mil mortes por ano em Portugal, salienta-se o consumo excessivo de álcool, a obesidade mórbida (que poderá aumentar o risco em 4,5 vezes no homem e 1,7 vezes na mulher) e a diabetes.
- No cancro do estômago, doença que em Portugal apresenta a incidência mais elevada dos países da Europa ocidental e que é responsável por 2.300 mortes anuais, o sal e os alimentos fumados podem reconhecidamente promover a formação de cancro.
- No cancro do pâncreas, que vitima cerca de 1.500 pessoas anualmente em Portugal, são reconhecidos como fatores de risco a história familiar (pais ou irmãos), que eleva o risco em cerca de três vezes. Também a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e a instalação de pancreatite crónica, a presença de diabetes e idade superior a 60 anos, poderão aumentar significativamente o risco.
- No cancro do esófago, que vitima no nosso país cerca de 700 casos por ano, destacam-se a ingestão regular de alimentos com temperaturas elevadas (nomeadamente líquidos), que podem causar lesões térmicas e promover alterações celulares, favorecendo a formação de cancro.
Diagnóstico e prevenção
A implementação de hábitos saudáveis nas populações é a primeira estratégia de prevenção destas doenças. Ter uma dieta mediterrânica, rica em vegetais, fruta, azeite, sementes, feijão, grão, cereais e nozes; praticar exercício físico regular e ingerir líquidos em abundância no quotidiano; não fumar e consumir bebidas alcoólicas com moderação são algumas opções que podem fazer a diferença na sua saúde.
Contudo, os fatores genéticos e hereditários devem ser sempre considerados, pois influenciam o tipo de estratégia de vigilância e rastreio que é necessário ter. A prevenção secundária, altamente eficaz em alguns casos, deve ser implementada através de rastreios e segundo a condição e histórico de cada pessoa:
- a colonoscopia a partir dos 50 anos nos cidadãos sem risco familiar aumentado (no caso dos tumores do cólon)
- a erradicação do Helicobacter Pylori em indivíduos de risco (no caso do cancro do estômago)
- a vigilância ecográfica regular nos doentes com hepatites víricas ou doença hepática alcoólica (no caso do cancro do fígado).
Alguns destes tumores são mesmo evitáveis, como acontece no cancro do intestino. Em 95% dos casos, a lesão maligna é precedida por uma lesão benigna (pólipo), facilmente retirada no decorrer da colonoscopia, impedindo, assim, o aparecimento do cancro.
Este cancro continua, contudo, a aumentar nos últimos anos, o que prova que os meios de prevenção não estão a ser completa e eficazmente aplicados.
Mesmo em situações em que o cancro digestivo não seja completamente evitável, o seu diagnóstico precoce traduz-se num prognóstico infinitamente melhor, em muitos casos com cura após os tratamentos necessários.
Assim, esteja atento aos sintomas mais frequentes (dor abdominal, náuseas e vómitos, perda de apetite, saciedade mesmo com porção pequena de alimentos, perda de peso, dificuldade em deglutir e sensação de massa anormal no abdómen) e consulte o seu médico regularmente de modo que possa fazer o rastreio atempadamente.