As dores de cabeça podem ter cura?
São classificadas em cefaleias primárias quando não existe outra causa subjacente tais como a enxaqueca (também conhecida por migrane), cefaleia de tensão, cluster, cefaleia associada à atividade sexual ou cefaleia da tosse, e em cefaleias secundárias quando resultam de outra patologia tais como trauma da cabeça ou pescoço, patologia vascular da cabeça ou pescoço, doenças intra cranianas não vasculares tais como tumores, causadas por medicamentos ou outras substancias ou abstinência das mesmas, infeções, alterações da homeostase (hiperpressão arterial ou baixa do oxigénio), dor secundaria a patologia da face, crânio, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios perinasais, dentes, boca ou outras estruturas cranianas ou cervicais ou ainda de causa psiquiátrica. Há finalmente um terceiro grupo de cefaleias relacionadas com dor facial e dos nervos cranianos das quais se destaca a nevralgia do trigémeo.
Cerca de 90% das cefaleias pertencem a um pequeno grupo de categorias nomeadamente migrane e cefaleia de tensão.
Ambas podem ser muito incapacitantes e na maioria dos casos o tratamento é farmacológico.
Nas cefaleias secundárias o objetivo passa por tratar a causa que as origina.
A nevralgia do trigémeo corresponde a dor frequentemente do tipo choque elétrico no território de uma ou mais das 3 divisões do nervo trigémeo (oftálmico, maxilar e mandibular) que é o quinto par craniano que enerva a maior parte da face. Costuma ter início e fim abrupto e ser extremamente incapacitante.
Pode ser causada por compressão do nervo, esclerose múltipla ou sensibilização central. É mais frequente nas mulheres
O tratamento normalmente passa pela administração de medicamentos, nomeadamente a carbamazepina.
Por vezes pode ser necessária cirurgia para descomprimir o nervo especialmente quando este está a ser comprimido por um vaso.
A rizotomia com radiofrequência é uma técnica percutânea em que se usa um elétrodo, parecido com uma agulha, que sem cortes, permite entrar no orifício onde o nervo trigémeo tem origem (foramen oval) e onde se localiza o seu gânglio (trigeminal ou de Gasser). O elétrodo é guiado por fluoroscopia (Raio X) o que permite ver com elevada
resolução e em tempo real o trajeto do elétrodo sem necessidade de cortes. Uma vez no gânglio passa-se uma corrente de radiofrequência que aquece o nervo por forma a dificultar a passagem dos impulsos nervosos dolorosos.
Trata-se dum procedimento seguro e muito eficaz.
Há assim esperança para o tratamento de muitas cefaleias com métodos seguros e eficazes, não só através da administração de fármacos específicos como também de técnicas minimamente invasivas muito seguras e eficazes.