Nova técnica não invasiva, com recurso à imagiologia médica

Investigadores da Universidade do Porto desenvolvem técnica para caracterizar o Cancro do Pulmão

Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), do Centro Hospitalar Universitário de São João e do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) desenvolveram uma nova técnica não invasiva, com recurso à imagiologia médica, que permite diagnosticar precocemente o cancro do pulmão.

Segundo, Hélder Oliveira, investigador do INESC TEC e docente na FCUP, embora a técnica standard “para avaliar o estado mutacional do cancro recorre à biopsia” apresente resultados altamente fiáveis, trata-se de um “método bastante invasivo e em alguns casos pode trazer complicações ao paciente”. Adicionalmente, acrescenta “não é capaz de caracterizar globalmente o cancro, pois apenas é retirada uma porção de tecido”. Deste modo, “uma solução alternativa passa por fazer esta caracterização a partir dos exames radiológicos baseados em Tomografia Computorizada, os mesmos que são utilizados para o diagnostico inicial”, explica o investigador.

O projeto LuCaS, desenvolvido por este grupo de investigação, tem como objetivo otimizar os sistemas de apoio à decisão na caracterização daquele que é um dos é tipos de cancro mais frequentes e mortíferos em todo o mundo.

De acordo com o cientista e líder do projeto, “a imagiologia médica permite a obtenção de um grande conjunto de informação útil, a partir de uma abordagem holística englobando uma caracterização completa, abrindo oportunidades para investigar a relação entre as manifestações visuais presentes numa imagem médica e o perfil genético do cancro, usando uma abordagem não-invasiva”.

“Assim, a tecnologia que estamos a utilizar terá uma abrangência maior do que a própria biópsia, pois é baseada em informação tridimensional e é não-invasiva. Desta forma, também reduz fortemente os custos”, conclui Hélder Oliveira.

Este projeto, segue uma abordagem “Radiogenomics”, ou seja, que analisa os atributos da imagem para descrever e criar modelos matemáticos capazes de identificar padrões e oferecer uma previsão do diagnóstico. Para além disso, é capaz de relacionar características de imagens com a análise dos genes recolhidos durante a biópsia.

Até ao momento, foram desenvolvidas técnicas de machine learning que utilizam a informação da imagem para prever o estado mutacional do cancro do pulmão. O projeto compreendeu, ainda, uma componente prospetiva, em que foi desenvolvido um modelo para avaliar contribuições de biópsia líquida na caracterização do cancro de pulmão.

“Esta abordagem será de grande valor como meio para obter dados moleculares de forma minimamente invasiva e compatível com a rotina clínica”, afirma Hélder Oliveira.

Fonte: 
Universidade do Porto
Nota: 
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