Serviço deveria ter 40 enfermeiros e tem apenas 25

Assistência na Urgência Pediátrica de Gaia em risco por insuficiência de enfermeiros

Os enfermeiros do Serviço de Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho garantem estar exaustos e sem meios para continuar a prestar cuidados de saúde com segurança, face à elevada carga de trabalho nesta unidade. “Chegamos ao limite de termos apenas duas colegas a assegurar todo o Serviço de Urgência Pediátrica: a triagem, a emergência, o atendimento de doentes respiratórios (acompanhamento de doentes suspeitos com covid) e a unidade de curta duração com sete vagas, muitas vezes lotado, porque o terceiro elemento, de um total de seis que deviam estar efetivamente ao serviço, teve de se ausentar para assegurar o acompanhamento de um transporte de doente para outro hospital”, explica o presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE, Pedro Costa.

De acordo com o presidente do SE, “o serviço tem, neste momento, 25 enfermeiros ao serviço, mas é um número manifestamente insuficiente para as necessidades existentes”. “No Serviço de Urgência Pediátrica deviam estar, em permanência, pelo menos seis enfermeiros por turno, mas, na verdade, estão apenas três e, no limite, quatro profissionais”, acrescenta. Pedro Costa admite que, no limite, “é a segurança dos doentes que está em causa, pois havendo um transporte de doente não programado, estamos a falar de doentes que estão em observação e que ficam sem qualquer acompanhamento ou, em alternativa, a triagem tem de parar porque é preciso mobilizar o enfermeiro para outro lado”.

De acordo com as necessidades identificadas pela Ordem dos Enfermeiros, adianta Pedro Costa, o Serviço de Urgência Pediátrica deveria ter um quadro de 40 enfermeiros em permanência. “Estamos a falar de um efetivo de cerca de 50%, se tivermos já em conta os profissionais que se encontram de baixa prolongada”, diz.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE admite que “a administração do CHVNG/E tem feito um esforço para minimizar as falhas, tendo nas últimas semanas recrutado quatro enfermeiros, duas das quais a recibos verdes, por via de uma bolsa de recrutamento que procura fazer face a este tipo de necessidades pontuais”. “O problema é que os pedidos de novas contratações para os quadros são travados pelo Ministério da Saúde, que as tem vindo a bloquear sucessivamente”, justifica Pedro Costa. Para além disso, frisa, estamos perante um caso flagrante de falsos recibos verdes, atendendo ao carácter permanente destas necessidades agora identificadas.

À semelhança de outras unidades hospitalares, também em Vila Nova de Gaia há enfermeiros que têm a sua progressão na carreira congelada por atraso de vários anos dos processos de avaliação de desempenho. “Os colegas desconhecem qualquer informação sobre a avaliação do biénio referente a 2019 e 2020 que já devia estar fechada. Ora, temos colegas que deviam ter progredido há mais de um ano e a informação que os serviços de recursos humanos dão é que o problema não será resolvido a curto prazo, porque há muitos problemas mais urgentes para resolver”.

O presidente do SE lamenta este tipo de situações, cuja responsabilidade principal é do Ministério da Saúde. “É mais um fator a contribuir para a desmotivação dos colegas e que, no limite, todos os anos leva dezenas de enfermeiros a sair do Serviço Nacional de Saúde e até do país”, conclui.

Fonte: 
MS Impacto
Nota: 
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