A EMA apoia o uso de tocilizumab em doentes com Covid grave
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O fármaco em questão foi aprovado para o tratamento de problemas inflamatórios como a artrite reumatoide ou artrite idiopática sistémica juvenil.
A agência europeia decidiu alargar a indicação do fármaco depois de analisar dados de um estudo com 4.116 doentes com Covid grave que estavam em ventilação mecânica ou suplementação de oxigénio e tinham altos níveis de proteína C-reativa, um indicador de inflamação.
Em julho, a Organização Mundial de Saúde já tinha recomendado o uso de tocilizumab em doentes com Covid-19 severa.
O estudo mostrou que a adição de tocilizumab à terapia padrão reduziu o risco de morte em comparação com o tratamento convencional. Especificamente, 31% dos doentes que receberam tocilizumab (621 em 2022) morreram em 28 dias. No grupo que não recebeu o tratamento, esta percentagem foi de 35%.
Por outro lado, 57% dos doentes que seguiram o tratamento com tocilizumab para além da terapêutica convencional tiveram alta nas quatro semanas seguintes, enquanto no grupo de controlo 50% dos doentes deixaram o hospital no período acima referido.
O estudo observa que não é possível excluir um aumento da mortalidade em doentes que não estejam em tratamento prévio com corticosteroides, pelo que este fármaco só deve ser administrado no caso de esta terapia ser previamente indicada. Em doentes já em terapia corticosteroide, a adição de tocilizumab traz mais benefícios do que riscos, de acordo com a EMA.
Tocilizumab é um anticorpo monoclonal que é adicionado aos recetores em moléculas chamadas interleucinas 6, que o sistema imunológico produz em resposta à inflamação sistémica. Estas moléculas desempenham um papel importante no desenvolvimento de Covid severo. Portanto, ao ligar-se aos recetores acima mencionados, o fármaco consegue reduzir a inflamação e melhorar os sintomas da doença.