Com o Recovery “voltei a ter o controlo da minha vida”
Quando soube da existência da RECOVERY, tinha a certeza que ali era o local indicado para mim, porque, ao contrário de outras entidades em Portugal, que se enquadram num internamento hospitalar, a RECOVERY insere-se num internamento do tipo residencial, onde os jovens se encontram num ambiente muito mais acolhedor. Cada jovem tem o seu PII (Plano de Intervenção Individual), de acordo com os seus objetivos. Além disso, no processo, adquirem rotinas mais saudáveis, competências sociais e autonomia.
A fase inicial foi muito complicada, sobretudo nos primeiros quinze dias, uma vez que não há contacto com os familiares e acesso a tecnologias: basicamente é um reset de toda uma vida, para uma nova fase. Apenas mais tarde me apercebi do quão fundamental isso é, tal como o porquê de ser necessário. Além disso, fiquei infetado com COVID-19 dez dias após a minha admissão, o que fez com que tivesse ficado onze dias confinado num quarto, numa casa que ainda era bastante desconhecida, com pessoas desconhecidas e isso implicou com que a minha admissão fosse ainda mais complicada.
À medida que o tempo passa, vai-se tornando cada vez mais fácil. O mais importante é o comprometimento do jovem com o processo terapêutico, tal como na sua vontade em atingir objetivos.
Além de ser um processo para o jovem, também o é para a sua família. Que, do lado de fora, também tem um papel fulcral no processo terapêutico do jovem. No meu caso, ao fim dos primeiros dois meses, comecei a consciencializar-me dos meus progressos e conquistas, o que me empoderou e deu uma maior vontade para me continuar a esforçar todos os dias, com o objetivo de conseguir superar os meus obstáculos. Ao fim do segundo mês, voltei a frequentar a escola, o que me deu um ainda maior boost de confiança. Claro que me custou bastante, mas todos os membros do corpo clínico me apoiaram imenso. Porém, também eram os primeiros a chamar-me à razão quando era necessário.
Falando um bocado do corpo clínico: todos os colaboradores estão sempre prontos a ajudar, e todos eles são enormes Seres Humanos, nota-se perfeitamente que gostam mesmo do que fazem, que é ajudar os outros com um enorme profissionalismo e altruísmo.
Ao fim de seis meses, após completar e consolidar todos os meus objetivos terapêuticos, tive alta médica. Continuo com o apoio da RECOVERY, agora em regime de ambulatório, para auxiliar na reintegração à vida normal. Agradeço muito à RECOVERY por me ter ajudado a ultrapassar uma fase menos boa, e em especial, à minha terapeuta de referência/psicóloga, que sempre acreditou em mim e fez tudo para que eu atingisse os meus objetivos.
De futuro, planeio ajudar outros jovens a ultrapassar as suas dificuldades, tal como eu consegui ultrapassar as minhas, e mostrar-lhes que não estão sozinhos, através da minha experiência pessoal. Fiquei “fã” da área de saúde mental e tenho uma vontade enorme em ajudar outras pessoas que estejam nesta situação em que precisam de ajuda
Voltei a ter o controlo da minha vida. Agora, vou conseguir lutar pelos meus sonhos, coisa que antes não conseguia. Fiz, recentemente, dezoito anos, tenho a vida toda pela frente e tenciono, agora, aproveitá-la ao máximo. Não sei onde vou estar daqui a cinco ou daqui a dez anos, ninguém sabe, apenas sei que quero estar feliz e com saúde a viver a vida no seu máximo.
Joaquim (nome fictício), 18 anos.