Saúde mental

O que precisa saber sobre a Depressão

Atualizado: 
26/08/2021 - 15:53
Estima-se que, em todo o mundo, a depressão afete mais de 350 milhões de pessoas, sendo considerada umas das principais causas de incapacidade. No entanto, continua a ser difícil falar sobre a patologia, pelo que muitos casos continuam por diagnostica. Com a ajuda dos psiquiatras, Ana Peixinho e Diogo Telles Correia, mostramos-lhe o que precisa saber sobre o tema.

O que é a depressão?

Segundo a médica psiquiatra, Ana Peixinho, trata-se de uma doença psiquiátrica caracterizada por “tristeza, diminuição do interesse e do prazer nas atividades habituais, alterações do apetite e sono, agitação ou lentificação física e psíquica, fadiga ou diminuição da energia, perda da autoestima/confiança ou sentimentos de culpa, diminuição da concentração ou da capacidade de tomar decisões e ideias recorrentes de morte, de suicídio ou comportamentos suicidários”. Diogo Telles Correia sublinha que na depressão a tristeza é geralmente mais intensa, mas sobretudo desproporcional em relação aos acontecimentos. “É normal ficarmos tristes com a morte de um ente querido. Mas já pode ser problemático se esse estado durar muito tempo e se perturbar prolongadamente a nossa atividade profissional e social”, esclarece.

De acordo com Ana Peixinho, podemos estar perante um caso da doença, se estes sintomas estão presentes durante pelo menos 2 semanas, estes ocorrem na maioria dos dias e causam sofrimento significativo ou têm implicação negativa no desempenho social, ocupacional ou noutras áreas do funcionamento pessoal.

Causas não estão totalmente esclarecidas

Diogo Telles Correia admite que, embora as causas para a depressão não estejam totalmente esclarecidas, “aceita-se, que estas possam ser biológicas (a informação genética que herdamos dos pais) e ambientais (as situações de vida por que vamos passando) e de uma interação entre estes dois fatores”. Fatores como as características da personalidade podem condicionar a predisposição para o desenvolvimento da doença.

Deste modo, explica o especialista, a depressão pode ser classificada de endógena, quando associada a fatores biológicos, ou reativa, quando provocada por fatores ambientais.

O tratamento da doença pode incluir farmacoterapia e psicoterapia

Segundo Ana Peixinho, atualmente, e no âmbito do tratamento farmacológico, “utiliza-se com maior frequência uma classe específica de antidepressivos chamada de Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina por serem eficazes, seguros e com poucos efeitos adversos.”

Quando à abordagem psicoterápica, a especialista sublinha que esta depende do próprio doente e pode incluir terapia de suporte, cognitivo-comportamental, interpessoal, familiar ou psicodinâmica.

Diogo Telles Correia, alerta para o facto de a psicoterapia só poder ser realizada por psiquiatras ou psicólogos com formação específica nesta área. “Psiquiatras ou psicólogos sem uma pós-graduação em psicoterapia reconhecida pelas sociedades internacionais de psicoterapia não estão habilitados para fazer psicoterapia”, chama à atenção.

De acordo com o psiquiatra, nesta intervenção são avaliados os fatores de personalidade que podem estar na base de uma maior tendência para se deprimir, e “é estimulada uma forma mais saudável de lidar com o mundo”.

Em casos mais graves, pode ser necessário recorrer tratamento electroconvulsivo, adianta.

Segundo Ana Peixinho, a depressão pode ser classificada com leve, moderada ou grave. “A perigosidade da depressão associa-se à incapacidade e limitações pessoais/sociais e profissionais que desencadeia e no limite ao risco de suicídio”, afirma.

Sinais que não deve ignorar:

  • Perda interesse por atividades que, antes, lhe davam prazer
  • Irritabilidade
  • Falta de energia e/ou cansaço persistente e sem causa aparente
  • Falta de concentração, perda de foco
  • Perturbação do sono, como insónia ou hipersónia
  • Sensação de vazio ou tristeza
  • Perda de apetite
  • Sentimentos de desesperança
  • Pensamentos de morte e suicídio
  • Lentidão ou lentificação 
  • Isolamento
  • Abuso de álcool ou drogas

Embora possa ser desvalorizada, a depressão quando avaliada por especialista experiente, é fácil de diagnosticar. “Quando se suspeita que se tem uma depressão deve-se ir ao médico psiquiatra para ele fazer o diagnóstico, diferenciar a situação de situações médicas (por exemplo, alterações hormonais) e depois encaminhar o tratamento”, adverte Diogo Telles Correia.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay