GAT saúda o Diretor Nacional e pede liderança política para eliminar as hepatites virais
No entanto, saudações à parte, o GAT “não pode deixar de alertar para a persistência de barreiras no tratamento da hepatite C”, destacando a demora na dispensa de medicamentos, a importância do rastreio das hepatites B, C e D, da descentralização dos cuidados de saúde e a urgência de existir um sistema de vigilância epidemiológica que permita a Portugal saber o que falta fazer. “De outro modo continuaremos a trabalhar às cegas”, escreve em comunicado.
Este grupo, aproveita a oportunidade para pedir ainda “a dispensa dos medicamentos para o tratamento da infeção pelo vírus da hepatite C (VHC) no momento da prescrição, tal como acontece para o VIH, a tuberculose e as IST”. “O processo atual é complexo e demorado, é necessária uma aprovação individual de cada pessoa com VHC o que impede que o tratamento fique imediatamente disponível nas farmácias hospitalares, provocando atrasos no início do tratamento e promove o abandono de muitos doentes em situação de vulnerabilidade comprometendo o objetivo de eliminação do VHC até 2030”, justifica.
Segundo o GAT, existem cerca de 40 a 45 mil doentes com infeção crónica pelo VHC por tratar em Portugal, “grande parte ainda por diagnosticar”. Deste modo, salienta que “estes dados precisam de ser confirmados com rigor para sabermos qual é a situação de partida, quer para o VHC quer à VHB”.
Por se tratarem de doenças muitas vezes silenciosas, o GAT alerta para a importância do rastreio populacional, pelo menos uma vez na vida e periódico nas populações em maior risco, ainda mais urgente depois de meses em que o diagnóstico e tratamento das Hepatites e outras infeções ficou parcialmente em suspenso devido à pandemia de Covid-19.
O GAT pede também um investimento na vacinação de pessoas adultas em risco para o VHB, ligado ao esforço de rastreio das não diagnosticados.
“Destacamos ainda a importância da descentralização dos cuidados de saúde para a eliminação do VHC, VHB e VHD. Com este objetivo em mente, o GAT e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) inauguraram, em setembro de 2020, a consulta descentralizada de tratamento da hepatite C. A consulta é dirigida a Pessoas que usam/usaram Drogas (PUD) e Pessoas em Situação de Sem Abrigo (PSSA), que estão entre as populações mais atingidas e que mais ficam para trás no acesso aos tratamentos do VHC”, esclarece.
Segundo destaca em comunicado, desde o início deste projeto, “já foram referenciadas 47 pessoas com VHC das quais muitas já iniciaram ou terminaram tratamento com cura”.
A hepatite C é uma doença infeciosa e uma das principais causas de doença hepática crónica, podendo progredir para cirrose, descompensação e representando um aumento significativo do risco de desenvolvimento de cancro do fígado. O teste da Hepatite C é simples e os tratamentos atualmente disponíveis em Portugal proporcionam taxas de cura de 97%, em apenas 8-12 semanas. O tratamento é também um meio eficaz de prevenção da cirrose hepática e do cancro do fígado.