Especialista em Saúde Pública defende ventilação de espaços fechados como um dos pilares do desconfinamento
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Esta tem sido uma constante das comunicações que a APIRAC tem insistentemente veiculado junto de várias entidades, nomeadamente do Senhor Presidente da República, de membros do Governo, dos grupos parlamentares e da Direção-Geral da Saúde. Ao longo de mais de ano e meio de pandemia, a APIRAC tem procurado sensibilizar os decisores e a opinião pública sobre o aspeto determinante que constitui a ventilação para a saúde pública.
Como se tem comprovado, e genericamente aceite, o contágio nos espaços fechados é cerca de 20 vezes mais provável do que no exterior. Acresce que cerca de 80% do nosso tempo de vida é passado em espaços fechados: as nossas casas, o nosso emprego, as nossas diversões e até muito do nosso desporto. Importa, assim, analisar de forma simples e racional, o que se pode fazer para que o contágio diminua fortemente no interior desses espaços. Só duas questões se colocam quando encaramos o problema da existência de agentes poluentes no interior dos edifícios. Em primeiro lugar, evitar que qualquer poluente penetre nesse espaço. Em segundo lugar, se o agente poluente ou patógeno foi transportado para o interior ou nele se desenvolveu, é necessário anulá-lo ou expulsá-lo rapidamente para o exterior, reduzindo o mais possível o tempo de exposição.
Para este efeito, a ventilação e extração do ar do espaço em causa, será um dos métodos mais eficazes e mais económicos de o conseguir. Assim, a prática da introdução de ar exterior por sistemas de ventilação/extração em todos os edifícios, seja natural ou forçada, além de obrigatória é fundamental para a saúde, bem-estar e segurança dos seus ocupantes ou utilizadores. A análise do espaço, das obstruções existentes, do tipo de atividade, do caudal de ar mínimo, do local de entradas e saídas do ar, da eficácia de ventilação, da climatização para evitar choques térmicos, são alguns dos requisitos a ter em conta na escolha e implementação de um bom sistema de ventilação.
Para este objetivo a APIRAC instituiu o Selo AR SAUDÁVEL para auditar e certificar as instalações de AVAC que demonstrem acompanhar as regras de saúde adequadas para evitar a contaminação dos espaços climatizados com o SARS-CoV-2, garantindo a sua boa execução e funcionamento. Foi assim que, por exemplo, auditámos o Centro Cultural de Belém e colocámos selos nos principais espaços em que decorreram os trabalhos da Presidência do Conselho Europeu, que como é sabido foi assumida por Portugal ao longo do 1.º semestre de 2021. Esta colaboração vem enquadrada no Protocolo assinado entre a DGS e a APIRAC.