China vai começar a vacinar crianças entre os 3 e os 17 anos contra a Covid-19
A notícia foi confirmada pela televisão estatal CCTV, seguindo-se as explicações do subdiretor da Comissão Nacional de Saúde (CDC), Zeng Yixin, à agência Xinhua. De acordo com o especialista, o objetivo é que pelo menos 70% da população seja vacinada antes do final do ano.
Segundo as autoridades sanitárias vacinar crianças é fundamental para o país alcançar a imunidade de grupo. "A China usará vacinas para crianças com cautela, distinguindo-as em diferentes faixas etárias ou inicialmente vacinando as que vivem em regiões mais suscetíveis ao vírus", disse um porta-voz do CDC citado pelo El Mundo.
Embora o uso de vacinas em menores tenha vindo a ser um tema controverso devido à falta de dados e ensaios clínicos, o Canadá foi o primeiro país a aprovar vacinas para crianças com idade igual ou superior a 12 anos. Os Estados Unidos, o Reino Unido e Singapura juntaram-se então à aprovação da vacina de coronavírus Pfizer/BioNTech para utilização em crianças destas idades.
Resposta imunitária da CoronaVac alcançada em 96% das crianças vacinadas
Na segunda-feira, a revista científica The Lancet publicou os resultados de um ensaio clínico com a vacina CoronaVac em crianças e adolescentes dos 3 aos 17 anos, sugerindo que esta é segura e desencadeia uma forte resposta de anticorpos entre as crianças. "Mais de 96% das crianças e adolescentes que receberam duas doses da vacina, fabricada pela Sinovac, desenvolveram anticorpos contra a SARS-CoV-2. A maioria das reações adversas foram leves ou moderadas, sendo a dor no local da injeção o sintoma mais relatado", lê-se no estudo. "Apenas uma reação adversa grave, um caso de pneumonia, foi reportada no grupo de controlo; no entanto, isso não estava relacionado com a vacina", continua.
O ensaio clínico foi realizado na China, no condado de Zanhuang, uma área rural da província de Hebei, no norte do país, e envolveu 550 crianças saudáveis. "As crianças e adolescentes com Covid-19 geralmente têm infeções ligeiras ou assintomáticas em comparação com adultos; no entanto, um pequeno número pode ainda estar em risco de doença grave. Podem também transmitir o vírus a outros, pelo que é vital testar a segurança e eficácia das vacinas em faixas etárias mais jovens", explica no relatório Qiang Gao, vice-presidente de investigação e desenvolvimento da Sinovac.
O estudo também chama a atenção para uma secção que indica que as respostas imunitárias entre crianças e adolescentes são superiores às de adultos entre os 18 e os 59 anos e às dos idosos com idade igual ou superior a 60 anos. "A nossa constatação de que a CoronaVac foi bem tolerada e induziu fortes respostas imunitárias, sugerindo que estudos adicionais noutras regiões, envolvendo populações maiores e multiétnicas, podem fornecer dados valiosos para definir estratégias de imunização envolvendo crianças e adolescentes", nota Qiang.
O relatório da Lancet diz que não foram detetadas diferenças significativas na resposta imunitária numa análise das faixas etárias que participaram no ensaio. Embora reconheça algumas limitações no estudo. "As respostas das células T, que desempenham um papel importante nas infeções SARS-CoV-2, não foram avaliadas no estudo, embora tenham sido investigadas em estudos relacionados.
Por outro lado, não foram disponibilizados dados sobre segurança a longo prazo e resposta imunitária, embora os participantes sejam monitorizados durante pelo menos um ano. “Devido ao reduzido número de participantes no estudo, os resultados devem ser interpretados com cautela, uma vez que não foi possível tirar conclusões estatísticas sólidas”, sublinham os autores.