Cyberbullying: O impacto na funcionalidade dos jovens
Os Sinais que pode apresentar uma vítima de cyberbullying e o agressor:
Uma vítima de cyberbullying pode apresentar sintomatologia diversa associada a quadros depressivos e ansiosos. Mais especificamente, as vítimas podem apresentar distúrbio do sono, transtornos alimentares, problemas gastro digestivos, ausência de apetite, anedonia, ausência de autoestima, assim como, pensamentos disruptivos e autopunitivos. Relativamente ao agressor este manifesta comportamentos desadaptativos marcados pela hostilidade e agressividade. O agressor apresenta comportamentos socialmente dominantes, marcados pelo desafio e oposição apresentando dificuldades na compreensão de hierarquias. O comportamento do agressor caracteriza-se também por dificuldades na compreensão do comportamento do outro (ausência de empatia) e na capacidade de se autorregular emocionalmente.
Formas em que o cyberbullying pode interferir na personalidade de um aluno:
O cyberbullying interfere significativamente na personalidade do jovem, pois para além de se encontrar associado à depressão e à baixa autoestima, pode agravar problemáticas já existentes e despoletar novas. Perturbações do âmbito psicológico e dificuldades na aprendizagem apresentam-se como comuns nas vítimas de cyberbullying. Se a intervenção psicológica não for realizada precocemente, poderão desencadear-se problemas na vida adulta no que diz respeito ao desenvolvimento de competências sociais, afetando os vários domínios da vida do individuo (instabilidade no contexto de trabalho e nas relações afetivas, possibilidade de manifestação de comportamentos antissociais).
Perante um caso de cyberbullying qual a intervenção a realizar:
Como Psicóloga Clínica, a minha intervenção com vítimas de cyberbullying consiste na promoção do seu bem-estar psicológico, atendendo que a intervenção seja dirigida a uma construção adaptativa do Self. A promoção de empatia e de autoestima, consideram-se fundamentais pois a intervenção sobre as mesmas apresenta capacidade para redução significativa da ocorrência de comportamentos agressivos. Paralelamente, são desenvolvidas com a vítima estratégias de coping mais adequadas para atuar perante as situações de violência e/ou sobre o significado valorativo atribuído à experiência.
O tipo de colaboração que deve haver entre pais, escola, professores e psicólogos:
A colaboração dos pais, escola e professores considera-se fundamental para a redução desta problemática nos jovens. Considero que a colaboração dos progenitores e profissionais se deve iniciar por um modelo psicoeducativo, onde através de uma relação empática e horizontal devem ser abordados os riscos associados à internet. Os adultos pertencentes à vida do jovem deverão também garantir a supervisão dos conteúdos visualizados pelo jovem na internet e com quem estabelece diálogos por esta via. Numa fase posterior, os jovens deverão ser apoiados pelos profissionais no sentido de desenvolverem estratégias de coping adaptativas perante a situação aversiva (pedir ajuda, denunciar às autoridades), de forma a conseguirem ser autossuficientes e resilientes em relação às consequências derivadas deste tipo de violência. Para uma desmistificação do tema perante a comunidade escolar é fulcral serem criados mais momentos formativos para pais, profissionais e jovens, para uma atuação eficaz sobre este tipo de violência.
Avaliação do Psicólogo sobre a segurança da vítima no contexto escolar e intervenção a realizar:
Considero que o cyberbullying se traduz num tipo de violência “silenciosa”, pois é realizada longe dos professores, auxiliares e outros profissionais do âmbito escolar. Para a vítima partilhar as suas vivências e angústias é necessário um ambiente terapêutico acolhedor, em que a vítima se sinta confortável. Após o estabelecimento de uma aliança terapêutica coesa, o psicólogo encontra-se com mais amplitude de observação para conseguir uma avaliação consistente sobre o sentimento de segurança/insegurança da vítima. Se a vítima tiver mais sintomas externalizadores é conseguida uma compreensão e intervenção mais rápida e eficaz sobre as suas necessidades, contrariamente aos casos em que os sintomas internalizadores são dominantes pois a avaliação será mais demorada e consequentemente a intervenção também. Considero como necessidade emergente a criação de instrumentos de avaliação direcionados a esta problemática para ser conseguido um processo de avaliação consistente e validado cientificamente (testado para a população Portuguesa), para uma melhor compreensão do impacto deste tipo de violência na vítima.