Cuidadores familiares de doentes renais em diálise sofrem mais durante a pandemia
O trabalho publicado no Scandinavian Journal of Caring Sciences demonstra que o aumento das responsabilidades assumidas nos cuidados prestados e a diminuição do apoio de outros familiares, mas também o sentimento de insegurança e o medo de ser infetado pelo vírus SARS-CoV-2, estão entre as principais razões que levam a esta sobrecarga emocional.
Segundo os autores do estudo, “o confinamento aumentou o número de tarefas que os cuidadores tiveram de assumir para minimizar a exposição dos doentes ao vírus, tais como ir às compras e à farmácia ou assegurar o transporte de e para os centros de diálise”.
Por outro lado, destaca-se o medo de ser infetado ou a insegurança em relação ao futuro que associados a outros fatores que tornam os cuidadores mais suscetíveis a um declínio da sua saúde mental e qualidade de vida durante a pandemia.
“As pessoas com doença renal crónica em hemodiálise não podem ficar em casa durante o confinamento, para se protegerem do SARS-CoV-2. Estes doentes precisam de tratamento de substituição da função renal para sobreviverem, o que os obriga a deslocarem-se a um centro para fazerem diálise pelo menos três vezes por semana, durante quatro a cinco hora por dia”, explicam os investigadores.
Acresce que os doentes renais crónicos em tratamento dialítico são “excecionalmente vulneráveis à Covid-19, devido à combinação de fatores como a idade avançada e outras doenças associadas, além de um sistema imunitário menos eficiente”.
Os cuidadores reportaram ainda a necessidade de mais informação acerca das medidas adotadas pelos centros de diálise para fazerem face à pandemia, prevenirem a propagação do vírus e garantirem a segurança dos doentes.
Todos estes dados sugerem que é preciso prestar mais atenção aos cuidadores familiares para diminuir a sua sobrecarga e para melhorar a sua saúde mental, nomeadamente através da identificação daqueles que precisam de mais apoio. De acordo com outros estudos, cerca de um quarto destes cuidadores apresentavam já sintomas de depressão, problemas de sono e baixa qualidade de vida.