APDP apela à não discriminação das Pessoas com Diabetes no trabalho
“Há pessoas com diabetes em quase todas as áreas de trabalho: na maioria das vezes são profissionais bem-sucedidos e valorizados, mas ainda encontramos exemplos de discriminação no acesso a determinadas profissões e nas condições de trabalho. A sociedade ainda não está, muitas vezes, preparada para a inclusão na sua plenitude, o que prejudica o dia a dia das pessoas com diabetes e a sua inclusão no meio profissional. Prova disso são os casos onde as pessoas acabam por não ver reconhecidas as suas qualidades, não progridem profissionalmente ou mesmo desistem do seu emprego porque os seus direitos não foram respeitados. Os portadores de uma doença crónica estão protegidos pela lei n.º 7/2009 do Código de Trabalho e podem estar sujeitos a regras distintas dos restantes colaboradores se as condições assim o exigirem”, realça José Manuel Boavida, presidente da APDP.
A falta de flexibilidade no trabalho não é o único problema que as pessoas com diabetes têm de enfrentar. Continuam a ter acesso limitado ou inexistente a algumas profissões como, condutores de transportes coletivos, controladores de tráfego aéreo, bombeiros, forças militares, policiais e de segurança ou pilotos profissionais de aviões e até para a entrada em algumas escolas profissionais ou universidades. Esta limitação é justificada com o potencial perigo para si ou para outras pessoas sob sua responsabilidade direta, em caso de uma hipoglicemia. Mas, na verdade, os meios de tratamento atuais permitem um controlo rigoroso da diabetes e apresentam soluções para eventuais dificuldades (como os sensores contínuos de glicemia com alarmes e as bombas de insulina), que abrem outras possibilidades de acesso a empregos em áreas até aqui mais dificultadas às pessoas com diabetes.
“A discriminação é uma realidade para as pessoas com diabetes. Ainda se verifica o estigma de empregar uma pessoa com uma doença crónica. Os receios passam pelas eventuais faltas devido a consultas periódicas ou pela necessidade de ter mais pausas do que os outros trabalhadores durante o horário de trabalho”, afirma João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP.
A solução para o combate à discriminação passa por formar a sociedade sobre os direitos e deveres explícitos para todos os empregadores e trabalhadores. A APDP defende que deveria existir mais informação sobre a legislação e os direitos do trabalhador com doença crónica, em particular com diabetes, fazendo jus à frase proclamada no início da atividade da APDP: “as pessoas com diabetes devem viver e trabalhar como se não tivessem doença sendo cidadãos ativos da sociedade”, reafirma José Manuel Boavida.