Investigadores desenvolvem "cocktail” químico que promove reparação de danos musculares
O músculo esquelético - o tipo de músculo que se liga aos ossos e permite o movimento - é o tecido mais abundante no corpo humano. Este tecido tem a capacidade de se regenerar após ferimentos ligeiros, um processo facilitado pelas células estaminais musculares residentes que ajudam a construir novas fibras musculares. No entanto, a perda muscular aguda (que pode acontecer em acidentes graves), perda muscular progressiva, ou doenças genéticas, como distrofia muscular, pode comprometer este processo de reparação do tecido. Nestes casos, os pacientes podem experimentar problemas de mobilidade e ter uma qualidade de vida reduzida, sublinhando a necessidade de novos métodos para ajudar a regenerar o músculo esquelético.
Como as células estaminais musculares podem reparar tecido danificado, a investigação de terapias baseadas em células estaminais para regeneração muscular é uma área de investigação ativa. Embora esta abordagem seja promissora, as fontes de células estaminais musculares são extremamente limitadas, e o crescimento destas células em laboratório é atualmente um processo dispendioso e demorado.
Recentemente, investigadores financiados pelo NIBIB na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA) identificaram um “cocktail” de fármacos que pode efetivamente ativar e expandir uma população de células estaminais musculares, que ou são residentes no músculo, ou estão isoladas em outros tecidos, como a pele. Os investigadores descobriram que as células estaminais musculares poderiam curar tecido danificado em três modelos diferentes de ratos: ratos adultos, ratos envelhecidos (que têm uma capacidade reduzida de cicatrização), e um modelo de rato de distrofia muscular (que apresenta um desgaste muscular grave).
"Um grande estrangulamento no campo de regeneração muscular resulta da falta de um método eficaz para gerar e proliferar células estaminais musculares", disse Song Li, professor nos departamentos de bioengenharia e medicina da UCLA. "Usando o nosso “cocktail” de fármacos, podemos expandir eficientemente esta população celular, aproveitando o seu potencial como agente terapêutico para a reparação muscular."
Este “cocktail” inclui forskolin, um químico encontrado em plantas que aumenta a produção de AMP cíclico, uma molécula de sinalização importante nas células. Também incluído no cocktail está uma pequena molécula chamada RepSox, que media a diferenciação das células estaminais. Embora ambos os compostos tenham sido usados na pesquisa de células estaminais, o seu efeito combinado na proliferação e diferenciação das células estaminais musculares foi uma descoberta nova neste estudo, explicou o autor principal do estuodo.
Estas células estaminais musculares foram implantadas nos músculos dos ratos feridos. Quatro semanas após a implantação, os investigadores avaliaram o quão bem os músculos lesionados tinham curado. Em todos os seus modelos, as células estaminais implantadas facilitaram a reparação muscular e a regeneração do tecido.
"Este trabalho representa um passo promissor no campo da regeneração de tecidos, e pode potencialmente levar a um método mais eficiente de reparar o músculo danificado", disse David Rampulla, diretor da divisão de Discovery Science & Technology da NIBIB. "Para os doentes com lesões musculares ou doenças musculares crónicas, esta abordagem poderia aumentar drasticamente a sua qualidade de vida", disse.
No entanto, o investigador, Song Li, observou que o seu cocktail precisa de ser otimizado antes de poder ser usado com células humanas, e que são necessários mais estudos pré-clínicos em modelos animais maiores antes que esta abordagem possa ser traduzida em terapias clínicas humanas.