“Só com profissionalização da Emergência Médica se pode garantir os mais elevados padrões na prestação de cuidados de emergência médica”
Constituída no final de 2019, e dando os primeiros passos em plena pandemia, quais têm sido os principais desafios que a Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar tem enfrentado ao longo deste último ano?
A Sociedade Portuguesa de Emergência Pré-Hospitalar (SPEPH) tem-se deparado com inúmeros desafios, desde logo os decorrentes da própria pandemia, na realização das diversas reuniões, audiências com as diversas entidades, assinaturas de protocolos, realização de eventos científicos, entre outros, mas também na articulação com as entidades com que se está a desenvolver projetos de relevante importância para os profissionais, para os cidadãos e para o país.
Na sua opinião, e tendo em conta que a crise pandémica veio pôr a descoberto os problemas que esta área enfrenta, que melhorias deveriam ser feitas no âmbito da emergência pré-hospitalar? O que continua a falhar e, na sua opinião, como poderiam ser solucionados estes problemas?
A crise pandémica veio a evidenciar aquilo que já sabíamos e que já tínhamos afirmado nos diversos fóruns e reuniões ao mais alto nível em que participamos, sem que se tenham verificado as necessárias mudanças.
Reafirmamos que temos um modelo de emergência médica esgotado, que carece de uma profunda reflexão. Acresce referir que devemos, de forma séria e desinteressada, refletir sobre o atual modelo que se encontra obsoleto, face às melhores práticas internacionais, estudo este que a SPEPH já produziu.
Algumas das medidas que a SPEPH tem vindo a sugerir são, por exemplo, a criação de um modelo de formação dedicado à Emergência Médica Pré-Hospitalar e a definição do regulamento profissional. De que forma esta medidas contribuiriam para um melhor sistema de Emergência Pré-Hospitalar? Na prática, o que mudaria com a introdução destas medidas?
A SPEPH defende, de forma inequívoca, a profissionalização da Emergência Médica, uma vez que só assim se pode garantir os mais elevados padrões na prestação de cuidados de emergência médica.
Relativamente ao modelo de formação, é evidente que o atual modelo se encontra esgotado e, por isso, a SPEPH tem vindo a desenvolver diversos protocolos nacionais e internacionais e programas de formação, estando neste momento a ultimar um modelo de formação para Técnicos de Emergência Médica assente em 4 níveis, sendo o último a Licenciatura em Paramedicina. À semelhança de outros países, onde este modelo se encontra implementado, testado e operacionalizado e num processo de evolução continuo, todos estes níveis têm por base a ciência da Paramedicina, com claras evidencias científicas da sua eficácia.
Do mesmo modo que a medicina tem tido grande avanços ao longo dos últimos anos, também a emergência médica tem um grande espaço para evolução, desde logo através e uma colaboração mais eficaz destes operacionais com os demais profissionais de saúde, que garantidamente trará ganhos para o doente/vítima.
No que diz respeito à missão da SPEPH, o que levou à constituição desta sociedade científica?
Sentiu-se a necessidade de uma entidade de cariz científico, à semelhança de outros países, focada naquilo que é a ciência em emergência médica, produzindo estudos, apresentando propostas de melhoria, com ligações internacionais, produção de modelos de formação. A SPEPH está dotada de um conjunto, muito diversificado, de especialistas em várias áreas.
Que projetos espera desenvolver na área da emergência pré-hospitalar?
Estamos a desenvolver, simultaneamente, vários projetos não só na componente técnica, mas também na dimensão formativa, que serão dados a conhecer ao país no momento certo. A nossa grande aposta é que todos eles possam beneficiar a emergência médica, o cidadão, e o país.
De que forma é possível integrar ou envolver a sociedade civil nesta área? Que contributo pode trazer?
A SPEPH está, e estará, sempre aberta ao envolvimento da sociedade civil. Os diversos projetos em que se encontra envolvida, como teremos a oportunidade de ver, falam por si.
Haverá, no entanto, quem oiça falar em emergência pré-hospitalar e não faça ideia do que se está a falar… neste sentido pergunto: quem são os agentes da emergência pré-hospitalar?
Os intervenientes no Sistema Integrado de Emergência Médica, são o INEM, os Corpos de Bombeiros e a Cruz vermelha Portuguesa.
No âmbito desta temática, que mensagem gostaria de deixar?
Portugal pode, e deve, ter um melhor serviço de emergência médica e a SPEPH tudo fará para que isso aconteça.
Os portugueses poderão contar com a SPEPH.