Fórum Económico Mundial distingue pela primeira vez projeto português inovador na área da saúde

Esta distinção, exclusiva para as iniciativas mais avançadas, que se destacam pelo seu impacto e pioneirismo, reconhece pela primeira vez um centro (hub) português. E pode inspirar mudanças significativas nos procedimentos, eficiência e financiamento dos atos médicos, bem como na qualidade de vida dos pacientes. O Fórum Económico Mundial considerou o projeto VBHCAT de tal maneira inovador e distintivo que o quer ver replicado noutros países.
O coordenador do projeto é o professor Joaquim Murta, diretor do Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e especialista da UOC – Unidade de Oftalmologia de Coimbra.
Intervenções médicas mais eficientes e de qualidade
O projeto, já implementado em duas áreas de Oftalmologia, tem como finalidade aumentar a eficiência das intervenções médicas, reduzindo o seu custo, eliminando despesas supérfluas e, ao mesmo tempo, aumentando a qualidade dos tratamentos para os doentes, integrando-os na avaliação dos resultados.
Na prática, o projeto VBHCAT altera profundamente os atuais modelos de financiamento da saúde. Assim, em vez da quantidade dos atos médicos praticados, o foco do financiamento incide nos bons resultados. Ou seja, é a qualidade do serviço, atestada pelas técnicas e materiais usados e pela melhoria geral do doente, que ajuda a estabelecer o financiamento. São as melhores práticas e os melhores resultados a serem privilegiados pelo financiamento, e não apenas o número de intervenções.
O objetivo é que tenha impactos significativos no doente, conferindo-lhe mais informação e dando-lhe a oportunidade de fazer escolhas mais informadas em relação aos seus cuidados de saúde, com o objetivo final de melhorar o mais possível de uma patologia.
“O futuro exige uma mudança de estratégia e atitude, a bem dos doentes. O que este projeto demonstra é que um modelo orientado para os resultados melhora a qualidade da saúde dos cidadãos e assegura a eficiência, com um menor investimento”, sublinha o professor Joaquim Murta.
“Os sistemas de saúde devem colocar o doente no foco principal de decisão, situação que ainda não acontece. Não é habitual perguntar-se ao doente como se sente, se está melhor ou pior… Este projeto abre um caminho pioneiro para implementar uma medicina baseada no valor para o doente, em vez de uma medicina baseada em volume. O reconhecimento do Fórum Económico Mundial reforça a relevância deste trabalho para a mudança de paradigma”, acrescenta.
O projeto VBHCAT teve a sua origem em duas áreas da Oftalmologia, tendo sido analisados os resultados na cirurgia da catarata de mais de 11 mil pacientes em 12 hospitais nacionais públicos e privados e no tratamento de degenerescência macular da idade. A UOC - Unidade de Oftalmologia de Coimbra foi uma das unidades envolvidas nos estudos, assim como os Centros Hospitalares da Universidade de Coimbra, de S. João, do Porto e de Lisboa Norte, o Hospital de Braga, o Instituto Gama Pinto e cinco unidades CUF, além das empresas Novartis, Alcon, Bayer, Edol, Thea e a startup Promptly.