ESEnfC em projeto internacional para melhorar a formação ao nível da gestão da qualidade e segurança de cuidados

Coordenado pela Universidade de Liège, na Bélgica, o projeto, que envolve a cooperação de instituições de cinco países europeus, tendo por lema “Get ready for safety” (“Prepare-se para a segurança”), é suportado pelo programa Erasmus +, da União Europeia, com uma verba de 436 mil euros.
Em causa estão as indesejadas complicações resultantes dos cuidados de saúde prestados aos pacientes, não imputadas à evolução natural da doença de base, mas a imprevistos e a erros (os designados eventos adversos) que, segundo a evidência disponível, atingem um em cada 10 doentes em internamento hospitalar, podendo ser evitadas em 50% dos casos.
“Partindo de um levantamento das necessidades de formação nos vários países envolvidos, definiremos um quadro de competências a desenvolver pelos profissionais de saúde e um programa formativo, direcionado a estudantes e profissionais, numa abordagem de interdisciplinaridade, com recurso a plataformas digitais, prática simulada, sessões de e-learning teóricas e práticas”, explica a professora Amélia Castilho, que coordena a equipa de docentes da ESEnfC que participa neste projeto, constituída pelos professores Rui Baptista, Verónica Coutinho, Nazaré Cerejo e Rui Gonçalves.
De acordo com a especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica e em Gestão e Economia da Saúde, pretende-se com este programa, que contará com a experiência, conhecimento e «visão transnacional» de profissionais de cinco países europeus, “colmatar a lacuna existente entre competências de gestão da qualidade e segurança exigidas aos profissionais e a formação formal disponível neste domínio”.
Em 2009, o Conselho da União Europeia estimou que de entre 8% a 12% dos doentes em internamento hospitalar na Europa sofriam de eventos adversos, cerca de metade dos quais resultantes de erros evitáveis.
“A melhoria da segurança do doente é fomentada pelo trabalho em equipa, pela eficiência da comunicação estabelecida entre os profissionais e entre profissionais e doentes e pela gestão rigorosa dos processos de cuidados, de forma a criar barreiras que impeçam os inevitáveis erros humanos de chegar até ao doente. Nesse sentido, um esforço contínuo de aprendizagem e melhoria está em curso nas instituições de saúde, mas temos ainda um longo caminho a percorrer, como se assume na Estratégia Nacional para a Qualidade na Saúde e nas prioridades definidas no Plano Nacional de Segurança”, afirma a professora Amélia Castilho.
Denominado e-Safe - Amélioration de la gestion de la qualité et sécurité des soins en formation initiale et continue (em português, Melhoria da gestão da qualidade e segurança dos cuidados na formação inicial e contínua), este projeto, que decorre até 31 de agosto de 2023 (período de execução de 36 meses), beneficia da participação de sete instituições: Universidade de Liège, Haute Ecole Libre Mosane, Inforef - organização sem fins lucrativos que atua na promoção da utilização de tecnologias digitais e na cooperação europeia no domínio da educação (as três na Bélgica), Universidade de Caen Normandie (França), Centro Hospitalar do Luxemburgo, ESEnfC (Portugal) e Universidade de Medicina e Farmácia Iuliu Hatieganu (Roménia).