Dar a conhecer a doença

O primeiro livro infantil sobre Endometriose é português e já está nas livrarias

Chama-se “A barriga Estragada da Mamã” e é o primeiro livro português que aborda a problemática da endometriose, uma doença complexa e cujos sintomas são frequentemente desvalorizados. A autora, Susana Fonseca, é ainda fundadora e presidente da Mulher Endo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose.

“A Endometriose é ainda pouco falada e conhecida. É uma doença com um diagnóstico, geralmente, demasiado tardio. A falta de informação e a desvalorização da sintomatologia fazem com que muitas mulheres vivam anos sem saber que sofrem desta condição, inclusive, por verem as suas queixas desvalorizadas clinicamente. Mas a Endometriose existe, é real, leva órgãos, sonhos e vidas. E é por isso que este livro é tão importante. Porque chega com o intuito de sensibilizar não só as crianças como os seus cuidadores!”, afirma Susana Fonseca, autora do primeiro livro infantil do mundo sobre Endometriose, lançado com a chancela da Sana Editora e com ilustrações de Inês de Freitas.

“A Barriga Estragada da Mamã é uma história fantástica pela simplicidade com que é contada. A ambivalência de um percurso de vida marcado pela dor e pelo sofrimento provocado pela doença e a felicidade de ter conseguido ser mãe é contada com ajuda das perguntas inocentes de Bi, dando a conhecer a doença, que continua a ser desconhecida para muitos. A endometriose é uma doença crónica que pode afetar dramaticamente a qualidade de vida da mulher e interferir na sua relação familiar e social, pelo que a perceção e diagnóstico precoce é de suprema importância. Só assim é possível agir atempadamente através de uma equipa multidisciplinar, minimizando as consequências da doença. Está na mão de todos nós ouvirmos e reconhecermos estes sinais de alarme e incentivar a procura de ajuda especializada pois ter dor menstrual incapacitante não é normal”, comenta Filipa B. Osório, Ginecologista do Hospital da Luz Lisboa

A Endometriose - que se caracteriza pelo aparecimento de tecido similar ao do endométrio fora do útero -, é uma doença complexa que provoca dores pélvicas crónicas incapacitantes, infertilidade e outros sintomas de relevo. Existem diversas teorias sobre a sua origem não havendo ainda um consenso. Esta patologia afeta sobretudo as mulheres em idade reprodutiva, entre 10 a 15%. Nas mulheres com infertilidade, essa prevalência aumenta para cerca de 30 a 50%. A doença costuma ser diagnosticada entre os 25 e os 35 anos, apesar dos primeiros sinais se poderem manifestar anos antes, com o início da menstruação.

De um modo geral, a Endometriose provoca o aparecimento de sintomas, sendo que, em 80% dos casos a dor é a principal manifestação da doença. Em 20% dos casos, a Endometriose associa-se a infertilidade podendo também ser, embora mais raramente, assintomática.

“A dor intensa durante a menstruação, a cólica do período, existe e afeta a qualidade de vida de muitas mulheres. Dêmos voz a quem tem voz. a dor tem voz e juntos poderemos ser mais fortes sem dor. Esta dor tem muitas vozes.... É cruel... tem género e tem um nome.... chama-se endometriose. Hoje, é possível fazermos mais e melhor para aliviar e tratar esta dor que é de todos”, afirma Hélder Ferreira, Diretor da Unidade de Endoscopia e Endometriose do Centro Materno Infantil do Norte

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