Percentagem de portugueses com intenção de se vacinarem contra a Covid-19 caiu nos últimos meses

Desde a segunda vaga do estudo, revela-se um significativo decréscimo da intenção dos portugueses em serem vacinados contra o COVID-19 quando a vacina ficar disponível. Se em junho 75% dos inquiridos estavam dispostos a serem vacinados, nesta terceira vaga, o número desce para 63%, caindo 12 pontos percentuais. A percentagem de pessoas que não pretende vacinar-se aumentou 5% e a dos hesitantes 7%, situando-se agora nos 25%. A redução da vontade em se ser vacinado é evidente em todas as regiões e todas as categorias de idade, com exceção para mais de 65 anos. Os homens são os que se mostram mais dispostos a vacinarem-se (70%).
Analisou-se que a predisposição para a vacina aumenta em função da adesão às medidas de proteção e vice-versa. Ou seja, quem está menos predisposto a vacinar-se contra o COVID-19 também tem menor adesão às medidas de proteção. Esta tendência também aumenta em função da confiança existente ou não no governo, entidades de saúde e OMS. Naqueles que manifestam uma baixa perceção de risco de contrair COVID-19 ou sobre suas consequências para a saúde também existe uma baixa disposição para vacinar.
A pesquisa revela ainda que a perceção de confiança na vacina COVID-19 diminui desde junho em todas as categorias de idade, regiões (exceto Açores), sexos e níveis de educação, com 54% dos portugueses completamente confiantes de que a vacina contra o COVID-19 será segura em comparação com os 70% da segunda vaga do estudo, uma queda de 16 pontos percentuais. Mais uma vez são os homens que mais confiam na segurança da vacina (60%). A confiança é também mais alta em indivíduos com alto nível de escolaridade (57%).
Adesão a medidas de proteção contra COVID-19
No que refere à adesão a medidas de proteção em Portugal regista-se uma ligeira diminuição no distanciamento social de 1 metro (especialmente entre os menores de 25 anos) e no evitar de abraços, beijos e apertos de mão, ainda que se alterações drásticas como o registado em outros países igualmente estudados. As mulheres são as que registam maior nível de adesão às medidas, assim como são as pessoas com maior nível de escolaridade que mais tendem a seguir as recomendações (exceto no que se refere à medida de distanciamento social). Quanto maior a perceção de risco em contrair o vírus ou quanto às suas consequências para a saúde, maior adesão às medidas de proteção e vice-versa.
Os mais jovens são os que se encontram menos dispostos a usar máscaras. Por outro lado, as pessoas com maior nível de escolaridade estão mais dispostas e propensas a usar máscara em lugares públicos.
Dificuldade de acesso a cuidados de saúde e menor qualidade de ensino
O acesso aos cuidados de saúde revelou que mais de metade dos inquiridos tiveram as suas consultas ao médico ou dentista atrasadas ou adiadas devido à situação pandémica e um em cada três português viu as suas consultas hospitalares ou de especialidade adiadas ou desmarcadas. A perceção de falta de cuidados de saúde é mais notória entre os inquiridos com mais de 45 anos de idade.
No que diz respeito ao ensino, mais de 50% dos pais questionados considera que a quantidade e qualidade do ensino durante a pandemia foi menor e pior do que no período pré-covid. Mais de 50% dos pais revela sentir-se preocupados e ansiosos com a escolaridade de seus filhos neste outono, sendo que a maioria dos pais prefere que os filhos frequentem as escolas ao invés das aulas online em casa, mas em turmas reduzidas (62%).
Cerca de metade dos portugueses contra a abertura de bares e discotecas
83% dos inquiridos na terceira vaga do estudo desaprovam férias no exterior e consideram que aqueles que incorrem tais riscos deveriam assumir os custos pelos testes COVID-19 (74%) e auto-quarentena (87%).
No que se refere a cultura e lazer, quase metade dos portugueses apoia a reabertura de cinemas (46%) e teatros (45%). Mais de metade desaprovam a reabertura de bares (54%), discotecas (70%) e espaços de concertos (53%).
Destaque ainda para o facto de serem os mais jovens os que se posicionam contra a reabertura de estádios ao público (55%) face às faixas etárias mais velhas.
Em traços gerais denotou-se ainda uma ligeira diminuição na confiança nas informações das notícias nacionais e veiculadas pelo governo. Em relação à anterior vaga do estudo, as preocupações com a saúde, sobre a perda de um ente querido e sobre o sistema de saúde ficar sobrecarregado aumentaram de 67% (dados de junho) para 76%. De entre os países europeus envolvidos na pesquisa, Portugal continua a ser o país onde existe uma maior preocupação com o impacto da pandemia na saúde. No que se refere às as preocupações económicas, não se registou alterações significativas em comparação a junho.