Radiologia de intervenção: diagnóstico e tratamento menos invasivos
As lesões músculo-esqueléticas - a lesão ocupacional mais frequente na Europa - devem-se frequentemente a microtraumatismos repetitivos, resultantes de movimentos ou de posturas incorretas. Quando não diagnosticadas e tratadas atempadamente, este tipo de patologias, de que são exemplo as tendinites, nomeadamente a tendinopatia calcica, pode levar a importantes consequências físicas, psicológicas, familiares, sociais e económicas.
Nos últimos anos, com a evolução da medicina, tem sido evidente a progressão da cirurgia minimamente invasiva, a partir da imagem. A imagem, da qual a ecografia tem extrema importância, faz parte integrante de uma especialidade médica denominada Radiologia (adicional ao curso de medicina e que tem a duração de cinco anos, podendo os especialistas em Radiologia diferenciarem-se em Radiologia de Intervenção – formação adicional à especialidade de base) que confere ao especialista uma franca experiência na execução e controlo da técnica de ecografia, que é um ato médico. Por isso, a eficácia e segurança dos procedimentos da Radiologia de Intervenção, quando efetuada pelo especialista respetivo, é hoje uma realidade, permitindo o acesso atempado e adequado a procedimentos minimamente invasivos de diagnóstico e de tratamento. Desta forma, esta é cada vez mais uma alternativa a outras terapêuticas, nomeadamente as que implicam intervenção cirúrgica. Estamos a falar de procedimentos com grande capacidade e eficácia no tratamento de patologias comuns ao nosso dia a dia como tendinites cálcicas, ombro doloroso/congelado, fasceite plantar/esporão, dores no cóccix (coccigeodinia), infiltração articular ou tendinites do tendão rotuliano e de Aquiles.
A Radiologia de Intervenção possibilita então, uma intervenção segura, eficaz e uma rápida recuperação dos doentes. Porquê? É que quanto menor for a lesão tecidular para tratar uma patologia músculo-esquelética, menor será o dano provocado, com implicações diretas – e vantajosas – ao nível das taxas de complicação e dos tempos de recuperação. Por outro lado, estes procedimentos destacam-se por um menor aparato anestésico, custos mais baixos ou tempos de intervenção reduzidos, com os procedimentos a serem realizados em ambulatório (sem internamento) realizados por um médico com grande experiência nas técnicas, Médico Radiologista, recorrendo apenas à anestesia local e, consequentemente, proporcionando um maior conforto para os doentes.
São vários os exemplos de procedimentos de radiologia de intervenção músculo esquelética:
Barbotage ou “lavagem” de tendinite cálcica
Guiada por ecografia, consiste num único procedimento que permite a remoção da calcificação do tendão, com o conforto de anestesia local, “lavando-se” a calcificação com soro fisiológico. Este método, tal como a cirurgia e ao contrário de outras formas de tratamento, permite tratar pela extração da calcificação, responsável pelo quadro doloroso inflamatório, removendo a calcificação dos tendões de forma minimamente lesiva.
Hidrodistensão da cápsula articular no ombro congelado/ capsulite adesiva
Com técnica e controlo ecográfico, este procedimento permite controlar a dor e acelerar a recuperação da mobilidade do ombro. Para tal, procede-se à injeção de soro fisiológico intrarticulação, para libertar as aderências de forma minimamente lesiva, permitindo acelerar em muito o tempo de recuperação da capsulite retráctil, também conhecida como “ombro congelado”, que se manifesta por uma restrição progressiva da mobilidade do ombro.
Libertação da polia/ tratamento de dedo em gatilho
Com anestesia local e apenas utilizando um orifício de picada de agulha, procede-se à libertação da polia, pequena banda em arco sob a qual o tendão normalmente se movimenta com mínimo atrito. Trata-se de um procedimento rápido e com grande eficácia, sendo uma alternativa segura à intervenção cirúrgica.