Fatores de risco

Esquizofrenia e Suicídio

Atualizado: 
30/09/2020 - 16:12
Embora a Esquizofrenia seja mais frequente que doenças como a Esclerose Múltipla ou a doença de Parkinson, continuamos a preferir “ignorá-la” invés de a compreender. Mal-aceite pela sociedade, o sucesso do seu tratamento depende da boa adesão terapêutica. É que embora, não tenha cura, ela tem tratamento. Ainda assim estima-se que entre 5 a 6% destes doentes recorram ao suicídio.

Falar de esquizofrenia ainda não é fácil, mas é importante que as principais mensagens cheguem ao maior número de pessoas: a Esquizofrenia tem tratamento e os doentes, ao contrário, do que se possa pensar, não são mais violentos que qualquer outra pessoa. O sofrimento que causa, quer no doente quer nas suas famílias, é real e leva a que, muitas vezes, estes doentes pensem em acabar com as suas vidas. Uma pequena percentagem acaba por conseguir fazê-lo.

O Suicídio é, aliás, a principal causa de morte prematura em pessoas com esquizofrenia e um dos principais motivos por que a esquizofrenia reduz em 10 anos a esperança de vida nestes doentes. Incapazes de lidar com a patologia, muitos sentem desespero e passam por fases de muita angústia.

A Esquizofrenia: sintomas e tratamento

A esquizofrenia é uma doença mental que se caracteriza pela perda de contacto com a realidade, alucinações, delírios, ideia persecutórias, comportamentos bizarros, discurso desorganizado e distanciamento emocional, entre outros.

Não se sabe ao certo o que a provoca, no entanto, admite-se que possa estar associada a fatores hereditários e ambientais.  

Inicia-se habitualmente no início da idade adulta, entre os 20 e os 25 anos, e embora seja menos frequente, pode desenvolver-se durante a adolescência ou em idade adulta.

Como síndrome heterogénea, a esquizofrenia, tem uma apresentação clínica que envolve várias dimensões, por um lado sintomatologia dita “positiva” (ideias delirantes, alucinações) e por outro lado, sintomatologia “negativa” (embotamento afetivo, isolamento social, entre outros)

Sintomas positivos da esquizofrenia

Pessoas com sintomas positivos podem perder o contacto com alguns aspetos da realidade. Os sintomas incluem:

  • Alucinações
  • Delírios
  • Pensamentos desordenados (modos de pensar incomuns ou disfuncionais)
  • Distúrbios do movimento (movimentos do corpo agitado)

Sintomas negativos da esquizofrenia

Estão associados a interrupções nas emoções e comportamentos normais. Os sintomas incluem:

  • Redução do afeto (expressão reduzida de emoções através da expressão facial ou tom de voz)
  • Dificuldade em iniciar e manter atividades
  • Perda de interesse
  • Redução de fala

Sintomas cognitivos

Em alguns casos, podem passar despercebidos, mas incluem:

  • Baixo funcionamento intelectual (capacidade de entender informações e usá-la para tomar decisões)
  • Dificuldades para manter o foco ou prestar atenção nas atividades do dia a dia.

Os medicamentos antipsicóticos, a reabilitação e as atividades de apoio comunitário e a psicoterapia são os componentes principais do tratamento da esquizofrenia.

Os medicamentos antipsicóticos podem ser eficazes para reduzir ou eliminar sintomas, como delírios, alucinações e pensamento desorganizado. A sua utilização contínua ajuda a reduzir substancialmente a probabilidade de episódios futuros. No entanto, apresenta vários efeitos secundários, como sonolência, rigidez muscular, tremores, movimentos involuntários (discinesia tardia), ou inquietação.

Os programas de reabilitação e as atividades de apoio comunitário têm como objetivo ensinar aos doentes habilidades para viverem em comunidade, de modo a que sejam o mais independentes possível.

Quanto à psicoterapia, ela não reduz os sintomas da esquizofrenia. No entanto, pode ser útil para ajudar a estabelecer uma relação entre o doente, a família e o médico. Esta relação é um fator determinante para que o tratamento seja eficaz.

Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
MSD Manuals
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay