Será enxaqueca?
É verdade que as cefaleias estão entre as doenças mais comuns do sistema nervoso, estimando-se que metade da população sofra com bastante frequência de dores de cabeça. No entanto, poucos sabem que, entre as cefaleias, existem mais de 200 tipos diferentes.
De acordo com a MiGRA Portugal – Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias, tendo em conta o que está na sua origem, as cefaleias podem ser classificadas como Cefaleias Primárias ou Secundárias. As primeiras são, como explica esta associação de doentes, “doenças por si só”, enquanto as secundárias são causadas por outras condições, sejam elas patologias, traumas ou o uso excessivo de medicação, por exemplo.
As cefaleias primárias, como a enxaqueca ou a cefaleia de tensão, são as mais frequentes, estimando-se que correspondam a 90% dos casos de cefaleia relatados. E, embora o mesmo doente possa sofrer de ambas, são “efetivamente patologias diferentes”.
Na enxaqueca a dor é, geralmente, forte, pulsátil ou latejante; afetando apenas um lado da cabeça. Entre as queixas mais frequentes encontram-se ainda as náuseas e/ou vómitos e a intolerância à luz, ao ruído e aos cheiros. Outra particularidade associada a este tipo de cefaleia é o facto de poder intensificar-se com o esforço físico, pelo que se aconselha que, durante um episódio de enxaqueca, os doentes evitem a prática de exercício físico intenso adaptando-a a esta condição.
De acordo com as explicações a MiGRA- Portugal, a enxaqueca pode ser precedida de um conjunto de sintomas neurológicos transitórios – ao qual se atribui a designação de aura – e onde se podem incluir as perturbações de visão, sensação de formigueiro ou dormência na face ou nas mãos e dificuldades na fala. Este fenómeno, no entanto, ocorre numa pequena percentagem de casos – cerca de 15% -, antecede a dor e cada episódio pode durar até 30 minutos.
Embora a periodicidade da enxaqueca possa variar muito de doente para doente, estabeleceu-se que “quando o doente apresenta mais de 15 dias de enxaqueca por mês” esta corresponde a uma condição crónica.
Independentemente da sua cronicidade, “um episódio de enxaqueca pode durar algumas horas e estender-se até 72h”, não existindo queixas entre as crises.
No entanto, a MiGRA Portugal deixa um alerta a quem sofre de enxaqueca: “independentemente de ser crónica ou episódica, é aconselhável ser acompanhado por um médico caso apresente três ou mais dias de crises de enxaqueca por mês”.
Frequentemente desvalorizada, a verdade é que a enxaqueca tem um grande impacto vida social, familiar e profissional dos doentes.
Segundo o estudo My Migraine Voice, realizado em doentes com enxaqueca em mais de quatro dias por mês e que já falharam medicação preventiva, cerca de 80% dos doentes disse sentir-se muito ou extremamente limitado na realização das suas atividades diárias durante uma crise e 71% dos doentes confessou depender da ajuda de familiares ou amigos para a realização destas atividades.
Por outro lado, “o impacto da enxaqueca na vida profissional dos doentes e consequente impacto económico na sociedade é muito elevado, especialmente pelo facto desta patologia afetar maioritariamente pessoas em idade produtiva e gerar uma enorme perda de horas de trabalho e redução da produtividade, com 50% dos doentes a necessitarem de faltar ao trabalho em média 4 dias por mês”, explica a Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias.
Embora não tenha cura, é possível minimizar o seu impacto, para isso é essencial que saiba antecipar uma crise e procurar perceber o que pode desencadear a enxaqueca. Não espere que a dor intensifique para tomar medicação e evite, tanto quanto possível, os fatores desencadeantes.
Para prevenir as crises, a MiGRA Portugal aconselha ainda a que pratique exercício físico regularmente (embora adequado à sua condição), que mantenha a rotina nos horários de dormir e acordar e que durma no mínimo 8 horas por noite. Evite o tabaco, não passe muitas hores sem comer e tente combater a ansiedade ou o stresse.