O que é a dor pélvica crónica?
Dor pélvica crónica na mulher
Embora nem sempre seja possível encontrar uma causa para este tipo de dor, na mulher a dor pélvica crónica pode estar associada problemas gastrointestinais, urológicos, neurológicos, ginecológicos, musculoesqueléticos ou psicológicos/emocionais.
Por definição inclui-se na dor pélvica qualquer tipo de dor ou desconforto localizado não só na região pélvica como no abdómen e que pode atingir não só a estrutura musculoesquelética como órgãos (intestinos, útero, ovários, bexiga, entre outros) ou terminações nervosas.
Entre as causas ginecológicas mais frequentes estão doenças como a endometriose ou a doença inflamatória pélvica. As mulheres em idade fértil podem ainda sofrer de dor pélvica crónica na sequência de dismenorreia, pelo que devem estar atentas e não considerar este tipo de dor “normal”.
Alguns distúrbios urinários podem também condicionar o desenvolvimento deste quadro crónico. Infeção urinária crónica, cálculos renais ou inflamação da bexiga de não causa não infeciosa (por exemplo, cistite intersticial), são algumas das patologias que podem estar associadas à dor pélvica crónica.
Entre as causas gastrointestinais destacam-se a síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, tumores, hérnias e obstipação. De acordo com a literatura, estima-se que 37% dos casos de dor pélvica crónica estejam associados a problemas do sistema gastrointestinal
Uma menor percentagem de casos (cerca de 12%) está associada a causas musculoesqueléticas: síndromes miofasciais, fibromialgia e síndrome do piriforme.
Sabe-se ainda que as neuropatias ou perturbações psicológicas como a depressão ou a ansiedade podem estar na origem deste quadro.
Dor pélvica crónica no homem
Entre os homens, as infeções relacionadas com as doenças sexualmente transmissíveis (DST), cancro ou inflamação da próstata estão entre as principais causas da dor pélvica crónica.
No entanto, existe uma outra condição, designada por Síndrome de Dor Pélvica Crónica Masculina cujas causas não estão totalmente esclarecidas. Os sintomas mais frequentes incluem dor ou desconforto no períneo, região suprapúbica, pénis e testículos, bem como disúria (dor ou ardor ao urinar) ou dor ejaculatória. Os doentes podem ainda apresentar alguns sintomas urinários obstrutivos (fluxo lento e intermitente) ou irritativos que se traduzem num aumento da frequência ou urgência miccional. A disfunção sexual é comum.
Mialgia, artralgia e fadiga inexplicável estão entre os sintomas sistémicos mais frequentes.
De acordo com a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, alguns doentes podem “ter uma variante da cistite intersticial / síndrome de dor vesical com dor predominante relacionada com a bexiga, associada a problemas urinários”.
Esta síndrome é diagnosticada em jovens e homens de meia idade, embora seja prevalente em qualquer idade.
Os surtos são frequentes, com a intensificação de sintomas durante horas, dias ou semanas. Depressão, stresse ou ansiedade então entre as principais comorbilidades.
Tratamento
O tratamento depende da causa subjacente e consiste principalmente em controlar os sintomas. As equipas devem ser multidisciplinares, sendo que nos casos de dor crónica devem incluir o acompanhamento de um fisioterapeuta e/ou psicólogo.
Por exemplo, quando as causas da dor pélvica crónica estão ligadas à gastroenterologia (síndrome do intestino irritável, doenças inflamatórias intestinais ou obstipação) o tratamento geralmente combina mudanças nos hábitos alimentares, prática de atividade física, remédios e apoio psicológico. Em casos muito graves, pode ser aconselhada cirurgia.
Quer isto dizer que, quando é possível identificar a causa o tratamento incidirá sobre a mesma. Podendo ser coadjuvado com medicamentos anti-inflamatórios ou antidepressivos, por exemplo.