O que deve saber

Leucemia Mielóide Aguda em tempo de Covid-19: principais semelhanças e fatores a ter em atenção

Atualizado: 
22/04/2020 - 16:25
A Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é um cancro do sangue e da medula óssea, muito raro e, também, muito agressivo e é a forma mais comum de leucemia aguda em adultos. Atualmente é responsável por 25% dos casos de leucemias e afeta tanto adultos como crianças, mas a sua incidência aumenta com o envelhecimento.

As células sanguíneas são produzidas a partir de células-tronco (células imaturas) na medula óssea. Uma célula-tronco do sangue pode se tornar numa célula-tronco mielóide ou numa célula-tronco linfóide. Uma célula-tronco mielóide na medula óssea saudável pode dar origem a três tipos maduros diferentes de células que juntos formam o sangue. Esses incluem:

Glóbulos vermelhos - eles dão ao sangue sua cor vermelha e são responsáveis por transportar oxigênio dos pulmões para todas as partes do corpo;

Glóbulos brancos - combatem infeções e doenças;

Plaquetas - ajudam a coagular o sangue e previnem sangramentos.

Num doente com LMA, devido a algumas alterações no material genético (ADN) verifica-se uma produção anormal de uma ou mais destas células sanguíneas na medula óssea, criando células de leucemia. Estas podem espalhar-se por diferentes partes do corpo e afetam a capacidade da medula óssea de produzir células sanguíneas saudáveis.

Os sintomas dos cancros do sangue são, em muitos casos, pouco específicos e podem ser facilmente confundidos com os de uma gripe ou até mesmo com a COVID-19.

No caso da LMA os principais sintomas a ter em atenção são cansaço, febre, falta de ar, perda de peso, hematomas, fraqueza, suores noturnos e infeções.

Numa altura em que vivemos uma grande pandemia é necessário estar atento a estes sinais e no caso de serem persistentes consultar o médico e fazer os exames de diagnóstico.

No caso da LMA, esta desenvolve-se rapidamente e piora se não for tratada de forma precoce. O diagnóstico é feito através de análises ao sangue, biópsia da medula óssea, estudo de cromossomas, imunifenotipagem ou estudo moleculares e os tratamentos mais comuns passam por quimioterapia, terapias alvo focadas em defeitos genéticos, transplante de células leucémicas, transplante de células estaminais ou imunoterapia. Existem ainda alguns tratamentos em fase de estudo.

Nesta altura de isolamento devido à pandemia da COVID-19 é muito importante que os doentes com LMA e outros tipos de cancros do sangue, mantenham os tratamentos e sigam as recomendações dadas pelos profissionais de saúde.

No caso de detetarem algum destes sintomas é muito importante que contactem as autoridades de saúde para poderem fazer os exames de diagnóstico. Acelerar o diagnóstico da Leucemia Mielóide Aguda pode ajudar a melhorar o prognóstico da doença e permitir diminuir a taxa de mortalidade desta doença do sangue.

 

Autor: 
Professora Maria Gomes da Silva - diretora do Serviço de Hematologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa e membro da APCL.
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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