Disfonia: o que é e como pode ser prevenida?
A disfonia
O termo disfonia é utilizado para descrever qualquer distúrbio da voz, nomeadamente no que diz respeito à qualidade, altura tonal, volume ou flexibilidade da voz. Apesar de vulgarmente apelidada por rouquidão, a verdade é que esta alteração é apenas uma das que completam o quadro da disfonia. De acordo com Eugénia Castro, Coordenadora da Consulta da Voz do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho E.P. “tecnicamente, a rouquidão é a voz áspera ou rouca, mas a disfonia também contempla perda da intensidade ou alteração da frequência (mais aguda ou mais grave) que seria de esperar para o género ou idade”.
Quanto à sua incidência, estima-se que a disfonia afete até 9% da população
Causas
As disfonias podem ser classificadas etiologicamente em duas categorias vastas: os tipos orgânico e funcional. As disfonias orgânicas são aquelas causadas por alterações estruturais (como lesões de massa, inflamação das cordas vocais e malformações da laringe), alterações neurológicas (como paralisia das cordas vocais, doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica) ou outros aspetos não relacionados com o uso da voz, tais como refluxo gastroesofágico/laringofaríngeo.
Quando não existe nenhuma causa estrutural ou neurológica, estamos perante uma disfonia não-orgânica, denominada de disfonia funcional. Neste caso, disfonia pode ser decorrente do uso inadequado/abusivo da voz, inadaptações vocais e alterações psicogénicas.
De acordo com a especialista “estatisticamente, o género feminino tem maior incidência de patologia funcional e psicogénica”.
Sintomas
Um quadro de disfonia pode incluir:
- Esforço para emitir a voz;
- Cansaço ao falar;
- Dificuldade em manter a voz;
- Rouquidão;
- Variações na frequência habitual da voz;
- Falta de volume e projeção;
- Pouca resistência ao falar;
- Perda da eficiência vocal.
Tratamento
O tratamento da disfonia depende da causa. Nos casos em que a rouquidão é funcional, esta é tratada com recurso à terapia da fala, na qual se aprende a utilizar a voz duma forma mais adequada às necessidades, causando um menor esforço e dano à laringe.
Em caso de infeção ou inflamação, o tratamento médico por vezes é suficiente, muitas vezes aliado ao repouso vocal durante a recuperação.
No caso de lesões mais complexas, como nódulos, pólipos ou suspeitas de malignidade, é necessário recorrer à cirurgia.
Contudo, em qualquer dos casos, as medidas de higiene vocal são fundamentais na prevenção e cura da disfonia.
Prevenção
Segundo a otorrinolaringologista, Eugénia Castro, são necessários alguns cuidados para manter uma voz saudável. Tome nota:
- Evitar o uso vocal intenso e prolongado: falar muito alto ou durante períodos prolongados principalmente em ambientes ruidosos;
- Evitar o esforço vocal (tossir, pigarrear, gritar ou sussurrar);
- Falar pausadamente e articular bem as palavras;
- Descansar a voz (fazer momentos de repouso vocal);
- Evitar usar a voz em contextos de infeção respiratória ou crises de alergia;
- Ter uma boa postura corporal ao falar ou cantar;
- Não fumar e evitar frequentar ambientes de fumo;
- Reduzir a ingestão de álcool, café, chá e bebidas com gás;
- Evitar ambientes com pó, cheiros intensos e ar condicionado;
- Evitar mudanças bruscas de temperatura;
- Manter uma alimentação saudável e boa hidratação (beber 8-10 copos de água/dia);
- Ter um estilo de vida saudável (dormir bem e praticar desporto).