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Ecoendoscopia Digestiva

Atualizado: 
17/02/2020 - 12:30
A ecoendoscopia, que combina as técnicas de endoscopia e ecografia, foi desenvolvida nos últimos 40 anos, assumindo atualmente um papel central em Gastrenterologia e em Oncologia Digestiva.

A ecoendoscopia digestiva, ou ultrassonografia endoscópica, é um exame diferenciado, realizado pelo Gastrenterologista, que combina as técnicas de endoscopia e de ecografia. O aparelho utilizado para a realização deste exame designa-se ecoendoscópio. Trata-se de um endoscópio fino e flexível, especialmente equipado com uma sonda de ecografia de alta resolução que se encontra acoplada à sua extremidade. Ao ser introduzido através da boca (ecoendoscopia digestiva alta) ou do ânus (ecoendoscopia digestiva baixa), este exame permite a realização de ecografia a partir do interior do tubo digestivo. Durante o exame podem ser obtidas imagens detalhadas das várias camadas da parede do tubo digestivo, bem como das estruturas vizinhas do aparelho digestivo, incluindo gânglios linfáticos, fígado, pâncreas, vesícula e vias biliares.

Além da visualização de todas estas estruturas, esta técnica permite também a realização de biópsias das mesmas, com recurso a agulhas específicas. O procedimento da ecoendoscopia digestiva é geralmente realizado sob sedação e sem necessidade de internamento, tendo o doente alta no próprio dia, cerca de uma hora após o exame. É um exame muito seguro, como uma taxa de complicações graves reduzida (inferior a 0,1%).

Os primeiros equipamentos de ecoendoscopia foram desenvolvidos há cerca de 40 anos, tendo-se assistido à expansão crescente das suas aplicações clínicas, a acompanhar o aperfeiçoamento tecnológico e o reconhecimento da potencialidade da técnica, tanto no âmbito diagnóstico como terapêutico.

Atualmente, a ecoendoscopia digestiva tem várias indicações, tendo um papel fundamental em Oncologia digestiva. O cancro do estômago e o cancro do pâncreas são, depois do cancro do cólon, os dois cancros digestivos com maior incidência em Portugal, contando com 3000 e 1500 novos casos por ano a nível nacional, respetivamente. A ecoendoscopia tem implicações importantes na abordagem de ambos, contribuindo para a determinação da fase em que se encontra a doença (estadiamento). Relativamente ao cancro do estômago, esta técnica permite avaliar com precisão a profundidade de invasão do tumor na parede digestiva e determinar se já existe disseminação para os gânglios linfáticos adjacentes e outras estruturas vizinhas.

Relativamente ao cancro do pâncreas, além do seu papel no estadiamento, esta técnica é fundamental na confirmação do diagnóstico e na caracterização do tumor, permitindo a realização de biópsia dirigida do tecido tumoral, com conforto e segurança para o doente. A realização de estudos específicos na biópsia do tumor do pâncreas, obtida por ecoendoscopia, tem tido um papel crescente na caracterização do tipo de tumor e na escolha de um tratamento personalizado, dirigido a determinados marcadores das células tumorais.


Ecoendoscopia: biopsia de tumor do pâncreas, através do estômago.

Mas o espectro de aplicações clínicas da ecoendoscopia tem sido ampliado, sendo útil na avaliação do cancro do esófago e do pulmão, permitindo avaliar com precisão os gânglios linfáticos em redor do esófago, e estendendo-se a outras patologias bilio-pancreáticas, nomeadamente para avaliação de quistos do pâncreas, pancreatite crónica e cálculos biliares.

Face à sua crescente aplicabilidade clínica, a ecoendoscopia digestiva é hoje considerada uma técnica indispensável nos hospitais centrais, centros oncológicos e unidades de endoscopia terapêutica.  

Autores: 
Dra.Susana Marques
Dr. Miguel Bispo
Serviço de Gastrenterologia, Fundação Champalimaud, Lisboa
Grupo Português de Ultrassons em Gastrenterologia (GRUPUGE) – Secção especializada da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia

Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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