Tumores benignos

O que são miomas?

Atualizado: 
03/02/2020 - 15:45
Dor, sensação de peso e aumento do volume do abdómen, hemorragias ou dor na região pélvica são alguns dos principais sintomas provocados pelos miomas – tumores benignos que nascem nas paredes do útero e que se estima que atinjam entre 20 a 40% das mulheres em idade fértil.
Mulher deitada com as mãos na barriga

Embora ainda não se saiba identificar o que leva ao desenvolvimento destes tumores, sabe-se que o risco de uma mulher desenvolver miomas aumenta com a idade e que a história familiar, os hábitos alimentares e o sobrepeso podem influenciar o seu aparecimento.

Por outro lado, e tendo em conta que eles só se desenvolvem em idade reprodutiva (ou seja, depois do corpo ser capaz de produzir estrogénios), admite-se que as hormonas femininas possam ter um papel determinante estimulando o seu crescimento. Os dados mostram aliás que, os miomas crescem mais rapidamente durante a gravidez e quando o corpo recebe doses adicionais de estrogénios (daí que também alguns especialistas refiram que a pílula pode influenciar o seu desenvolvimento) e tendem a diminuir após a menopausa, quando ocorre uma redução drástica de concentração hormonal.

Com uma dimensão que pode ir de alguns milímetros a mais de 20 centímetros, os miomas podem ser classificados, quanto à sua localização, como: subserosos, quando se desenvolvem na parede exterior do útero, crescendo para fora; intramurais, quando crescem na parede uterina; e os submucosos quando se desenvolvem na superfície interna das paredes da cavidade uterina (ou seja, no revestimento do útero, designado por endométrio). Destes, os mais frequentes são os intramurais. Os submucosos são mais raros.

Embora em muitos casos os miomas possam passar despercebidos – muitos são tão pequenos que só podem ser vistos ao microscópio -, outros há que ficam tão grandes que dão origem a sintomas como sensação de dor ou pressão na região pélvica, períodos menstruais abundantes e prolongados, aumento do volume do abdómen (muitas vezes confundido com excesso de peso ou gravidez), pressão na bexiga dando sensação de que esta está sempre cheia e dores durante as relações sexuais.

Na realidade, quanto maior for o mioma maior a probabilidade de apresentar sintomas.

Entre as principais complicações associadas estão a anemia, a insuficiência renal e a infertilidade, entre outras.

No caso da infertilidade, que muitas vezes está na origem do diagnóstico deste tipo de tumor, ela acontece porque o desenvolvimento destes tumores pode levar ao bloqueio das trompas de Falópio ou à alteração do formato do útero, fazendo com que o processo de implantação do óvulo fecundado seja mais difícil ou até mesmo impossível.

Durante a gravidez, os miomas que antes não apresentavam sintomas, podem levar a problemas como parto prematuro, hemorragia pós-parto ou despoletar um aborto.

Estes tumores são habitualmente diagnosticados durante um exame ginecológico, sendo a sua presença confirmada por ecografia abdominal ou por ressonância magnética, caso os exames de diagnóstico por imagem não sejam claros.

Alguns miomas apenas carecem de vigilância

Quando os miomas são tão pequenos que não causam sintomas ou outros problemas, não carecem de tratamento. No entanto, é necessário manter a vigilância de modo a acompanhar a sua evolução.

Noutros casos, podem ser indicados alguns medicamentos, como os anti-inflamatórios, que são muitas vezes o primeiro passo no tratamento destes tumores. Eles são utilizados para aliviar sintomas como a dor.

Os medicamentos à base de hormonas são utilizados para interromper o seu crescimento e travar as hemorragias. No entanto, os seus efeitos são temporários.

Se os miomas aumentarem substancialmente ou os sintomas piorarem, a opção terapêutica pode passar pela cirurgia.  

Dependendo do caso, o tratamento cirúrgico pode consistir numa miomectomia ou histerectomia. A primeira consiste na remoção dos fibromiomas (já que em muitos casos surge mais do que um), mantendo a possibilidade da mulher engravidar. Esta técnica, no entanto, não deve ser utilizada se existir um grande número de miomas ou se estes forem de grandes dimensões. Em 25% dos casos, novos miomas podem surgir.

A histerectomia é a única solução permanente para tratar os miomas e consiste na remoção da totalidade do útero, eliminando a possibilidade da mulher engravidar.

Há, no entanto, outras técnicas, cada vez mais utilizadas, que têm como objetivo, destruir os miomas em vez de os remover. É o caso da embolização da artéria uterina, uma técnica microinvasiva que apresenta menos riscos do que as técnicas cirúrgicas, e que tem como objetivo interromper a circulação sanguínea que irriga estes tumores. Em Portugal, foi o professor Martins Prisco que introduziu a técnica que permite eliminar os sintomas, impedir o crescimento dos miomas mantendo o útero funcional.

A crioterapia ou ablação por radiofrequência são outras soluções possíveis, no entanto, é importante reforçar que a escolha do tratamento depende da situação de cada mulher e que nenhum destes tratamentos, com a exceção da histerectomia, resulta na resolução definitiva do problema. Enquanto houver útero, há possibilidade de novos miomas aparecerem.

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Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Cuf e MSD Manuals
Nota: 
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