Cancro do Intestino: os sinais que não podemos ignorar
O cancro do cólon e do reto – também conhecido por cancro colo-retal - é um dos tipos de cancro mais frequentes e também um dos que mais mata, estimando-se que, todos os dias, morram 11 pessoas com a doença.
Embora seja mais frequente acima dos 50 anos, este tipo de cancro pode surgir em qualquer idade, sobretudo se houver história familiar ou pessoal da doença. No entanto, na maioria dos casos, o cancro do cólon e do reto desenvolve-se a partir de lesões no intestino grosso ou pólipos. Estes são mais frequentes a partir dos 50 anos e nem sempre revelam características malignas.
Para além da idade, a obesidade, o sedentarismo, o tabagismo e uma dieta “rica em gorduras, fritos, açúcar, carnes vermelhas, carnes processadas e pobre em fruta, legumes e hortaliça”, apresentam-se como os principais fatores de risco.
A prevenção, tal como em outros tipos de cancro, passa fundamentalmente pela adoção de hábitos saudáveis e a realização de exames de rasteio para a deteção precoce de pólipos ou outras lesões.
De acordo com as recomendações internacionais, o diagnóstico precoce deve começar a partir dos 50 anos. Contudo, a necessidade de realizar o rastreio deve ser “antecipado se houver razões genéticas ou sintomáticas que necessitem de ser despistadas”.
“A colonoscopia é o método mais eficaz de rastreio e diagnóstico do cancro do intestino. O SNS já disponibiliza o custo da sedação para este exame e é através dele que o médico visualiza todo o intestino e identifica as eventuais lesões que existam ou pólipos para retirar”, começa por explica Vítor Neves, presidente da Europacolon.
No entanto, vários mitos e o desconhecimento associado aos benefícios deste exame faz com que muitas pessoas o evitem, comprometendo assim o prognóstico da doença.
De acordo com o estudo europeu Public Attitudes Towards Colonoscopy, a maioria das pessoas acha que este exame é mais difícil do que na realidade é e muitos dizem que se sentem constrangidos se o tiverem de fazer. Por outro lado, a colonoscopia está fortemente associada ao diagnóstico de uma doença intestinal ou cancro e, por isso, acaba por não ser vista como um procedimento preventivo ou terapêutico, causando maior resistência por parte da população.
“Para acabar com os mitos associados à colonoscopia é necessário alertar, informar e motivar a população, não só sobre o exame, mas também para as consultas de rotina, uma vez que os médicos têm um papel fundamental neste processo. É também fundamental haver igualdade de acessos, combater as assimetrias regionais e investir no desenvolvimento de profissionais de saúde e novas tecnologias”, realça Vitor Neves.
Segundo o presidente da Europacolon “está provado que o o cancro do intestino pode ser detetado tempo de ser curado e/ou estabilizado bastando, para esse efeito, que a população, entre os 50 e os 74 anos, seja sujeita ao rastreio que poderá ser feito através de pesquisa de sangue oculto nas fezes”. Cabe ao doente intervir “no seu próprio processo de saúde e exigir aos médicos assistentes” a realização do rastreio do cancro do intestino. “Na maior parte dos casos a falta de vigilância leva a um diagnóstico tardio, precisamente por não haver sintomas na fase inicial da doença. As fases iniciais do cancro do intestino, por norma, não causam dor. Contudo, mesmo sem qualquer sintoma, a partir dos 50 anos é necessário fazer o despiste, pois a progressão da doença é silenciosa. Se a doença for detetada a tempo, poderá ter cura em 90% dos casos”, justifica acrescentando que devemos estar atentos ao seguintes sintomas:
- Perda de sangue nas fezes
- Dores abdominais constantes
- Perda de peso e cansaço “sem razões próximas”
- Sensação de que o intestino não esvazia completamente
- Diarreia ou obstipação constantes.
“Caso estes sintomas persistam deve contactar o médico assistente para despistar a sua causa", conclui.