Osteossarcoma: cães podem ser aliados na luta contra a doença
A descoberta, feita por cientistas da Universidade de Tufts e do Translational Genomics Research Institute, nos Estados Unidos, pode ajudar a quebrar o impasse no tratamento desta doença, que não teve um avanço médico significativo em quase três décadas.
“Embora o osteossarcoma seja raro em crianças, é muito comum em algumas raças de cães, o que o torna esta doença uma excelente candidata para estudos comparativos que se foquem na biologia do cancro. Desta forma, acredito que possamos melhorar o desenvolvimento de fármacos, tanto para crianças como para os nossos amigos caninos”, disse Will Hendricks que, juntamente com Cheryl A. London e Heather L. Gardner, liderou o estudo.
Segundo o artigo publicado na revista Nature, Communications Biology ¸ este estudo utilizou múltiplas plataformas de testes a nível molecular, o que permitiu aos investigadores analisarem o genoma de 59 cães e descobrirem que o osteossarcoma canino partilha muitas caraterísticas genómicas com o osteossarcoma humano, incluindo baixas taxas de mutação, complexidade estrutural, vias celulares alteradas e caraterísticas genéticas únicas.
“Estas descobertas vão permitir que se estabeleçam novos contextos genómicos que, acreditamos, serão bastante úteis em futuras análises comparativas”, explicou Cheryl A. London.
A investigação também identificou novas caraterísticas do osteossarcoma canino, incluindo mutações recorrentes e potencialmente causadoras de cancro em dois genes, SETD2 e DMD, uma informação que os cientistas consideram que deve ser melhor explorada.
O osteossarcoma é o tumor ósseo primário mais comummente diagnosticado em crianças; embora a cirurgia e a quimioterapia possam prolongar a sobrevida, cerca de 30% dos pacientes pediátricos morrem devido a tumores metastáticos, num espaço temporal de 5 anos.
“A semelhança genética entre o osteossarcoma de crianças e de cães oferece uma oportunidade única e um modelo comparativo que permitirá o desenvolvimento de novas terapias dentro de uma linha de tempo mais reduzida”, disse Heather L. Gardner.
Outro dos investigadores, Jeffrey Trent, acredita que a abordagem oncológica comparativa é vital para o rápido desenvolvimento de novos tratamentos para o osteossarcoma, tanto para pessoas como para animais de estimação.
“Alavancar as semelhanças entre as formas humana e canina do osteossarcoma aumenta muito a nossa compreensão sobre a forma como este cancro agressivo se desenvolve e metastiza e, tal como já disseram os meus colegas, fornece uma oportunidade única para o desenvolvimento de terapias que façam a diferença na vida de crianças e de animais de estimação”.