Ingestão de alimentos processados afeta o metabolismo desde cedo
O trabalho da equipa de investigação da Universidade do Porto quis “perceber qual o efeito da alimentação no seu todo (padrão alimentar) nos níveis futuros de parâmetros metabólicos”.
Segundo Andreia Pinto, uma das autoras deste estudo, já se sabia que a alimentação tem influência sobre marcadores metabólicos, como o colesterol, triglicerídeos e pressão arterial sistólica e diastólica. “Mas não sabíamos até que ponto é que esta relação se estabelecia em idades precoces”, explica a investigadora.
A investigação usou os dados de 3.350 crianças que pertencem ao estudo longitudinal Geração XXI, o qual segue, desde 2005, 8600 participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto.
Os investigadores analisaram os padrões alimentares das crianças aos 7 anos de idade e os seus indicadores metabólicos aos 10, verificando que as crianças que consumiam alimentos de elevada densidade energética e menos sopa de legumes apresentavam já aos 10 anos um padrão cardiometabólico alterado, nomeadamente, níveis mais elevados de triglicerídeos e menor concentração de colesterol HDL (colesterol bom).
Constataram ainda que aquelas que praticavam este padrão alimentar, tinham maior resistência à insulina e maiores níveis de pressão arterial diastólica, independentemente do seu peso aos 10 anos.
Para a investigadora, estes resultados são especialmente úteis para os educadores e para os pais. Estes devem ter consciência “da importância de colocar regras na alimentação dos filhos, uma vez que os hábitos alimentares que adotam precocemente vão influenciar a sua saúde mais tarde. A adoção de um padrão alimentar saudável é, por isso, muito relevante”.
De sublinhar que as alterações metabólicas em idades precoces podem levar ao desenvolvimento futuro de doença instalada, como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular.