Abuso sexual de crianças
Muitos pais precisam saber que:
- As crianças pequenas não inventam histórias que não tenham vivido (ex.: actividade sexual);
- As crianças nunca são responsáveis por abusos sexuais exercidos contra elas;
- Muitas crianças têm medo que os pais as castiguem por denunciarem situações de abuso;
- Algumas vezes, os sentimentos de culpa e de vergonha levam as crianças a negar o abuso;
- As crianças lidam melhor com a situação quando os pais são calmos, carinhosos e receptivos;
- Não devem pressionar a criança a falar sobre o que aconteceu. Contudo, se o assunto surgir, devem abordá-lo abertamente;
- Devem tentar retomar a normalidade das actividades, logo que possível;
- Devem evitar tornar-se superprotectores em relação ao seu filho ou filha.
Algumas medidas de prevenção:
- Tenha os nomes, moradas e números de telefone dos colegas dos seus filhos sempre consigo;
- Informe os seus filhos da hora que espera que eles estejam em casa, depois da escola, e quais as brincadeiras permitidas;
- Informe os seus filhos que o corpo deles é privado e que deverão pedir ajuda imediatamente, se alguém tentar fazer algo que eles não querem;
- Chame a atenção dos seus filhos para o perigo de brincarem sozinhos em locais isolados;
- Ensine aos seus filhos como é que eles podem entrar em contacto consigo ou com outro adulto, em casos de emergência.
O que se entende por abuso sexual de crianças?
- Qualquer contacto sexual entre uma criança e um adulto;
- Qualquer situação de actividade sexual forçada com um menor de 14 anos;
- Todo o contacto sexual entre uma criança e outra pessoa com uso de ameaças, suborno ou métodos semelhantes para levar a criança a participar;
- Crimes cometidos contra as crianças: o exibicionismo, o acariciamento, o incesto, a sodomia, a violação, a pornografia e prostituição infantis;
- Todos os crimes acima referidos que ocorram em contexto virtual (internet).
Quem são os abusadores?
- A maioria dos abusadores são pessoas da família, amigos ou conhecidos da criança;
- Pertencem a todos os estratos económicos, sociais e étnicos.
Poucas pessoas são abusadas por pessoas que lhes são totalmente estranhas.
A criança abusada sexualmente pode:
- Ter dificuldade em dormir;
- Ter pesadelos;
- Ter medo de ir para a cama;
- Ter medo de dormir sozinha;
- Fazer chichi na cama;
- Ter perda de apetite;
- Ficar muito irritável;
- Perder a paciência facilmente;
- Passar a fazer birras;
- Ter desejo de faltar às actividades usuais;
- Perder o interesse nas actividades da sala de aula;
- Ter dificuldades na escola;
- Ter pouca concentração;
- Ter pequenos lapsos de atenção.
Os sintomas visíveis - os atrás descritos ou outros - permanecem por bastante tempo, dependendo, embora, da idade da criança, da sua relação com o abusador e da especificidade da situação.
Mas… atenção!
As manifestações de abuso são diferentes de criança para criança, podendo, em alguns casos, ser pouco visíveis ou passarem mesmo despercebidas, sem que isso signifique menor gravidade.
Como apoiar uma criança abusada
Muitos pais não estão alertados para este problema.
Descobrir que um filho é ou foi vítima de abuso pode ser devastador para si.
No entanto, o modo como os pais e as pessoas da confiança da criança reagem à situação vai influenciar muito a maneira como ela própria vai lidar com o abuso.
Por isso deve assegurar-lhes que:
- É importante que tenham vindo falar do assunto;
- Acredita no que eles lhe tenham contado;
- Saiba que a culpa não é deles;
- Lamenta o que aconteceu;
- Tudo será feito para os apoiar.
É importante que os pais:
- Encoraje os seus filhos a contar-lhes o que aconteceu, com cuidado e sem os pressionar;
- Dêem tempo à criança para falar do abuso. Digam-lhes por exemplo: “Se não te apetecer falar disso agora, não há problema, eu entendo. Mais tarde, se isso começar a ser um problema ou se passar a estar sempre no teu pensamento, então é importante que falemos disso.”
- Tornem claro à criança que a culpa não é dela, é do abusador;
- Apoiem emocionalmente os seus filhos;
- Definam o que vão fazer a seguir;
- Decidam como fazer o apoio médico;
- Procurem apoio técnico na comunidade - Urgência Hospitalar (quando adequado), Ministério Público, Comissões de Protecção de Menores, Associações especializadas no apoio a vítimas de violência e outros;
- Ajudem os outros membros da família, especialmente outras crianças, a lidar com o abuso;
- Partilhem os seus sentimentos (culpa, raiva, pena…).