Cientista americana recomenda o corte do cordão umbilical até 1 minuto depois do nascimento
O processo de colheita do sangue é indolor e não representa riscos para a mãe ou o recém-nascido. Adicionalmente, após a criopreservação, a amostra colhida poderá vir a ser utilizada no tratamento de mais de 80 doenças.
Apesar de a Organização Mundial de Saúde recomendar o corte tardio do cordão em todos os partos, estudos em recém-nascidos de termo (não prematuros) têm demonstrado que aproximadamente 70-80% do sangue que está no cordão e na placenta é transferido para o bebé durante o primeiro minuto após o nascimento.
A pediatra e hematologista Joanne Kurtzberg, que integrou a equipa que fez o primeiro transplante de células estaminais provenientes do cordão umbilical há 30 anos, recomenda que o corte do cordão umbilical no momento do parto não deve exceder 1 minuto, por forma a manter a viabilidade de uma colheita e armazenamento do sangue do cordão umbilical.
“É importante não desperdiçarmos o sangue do cordão”, afirmou a médica na sua primeira visita a Portugal, onde participou como oradora na Reunião de Primavera da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal (SPOMMF).
Joanne Kurtzberg recomendou aos obstetras e enfermeiros especialistas em Portugal que “colham o sangue do cordão umbilical sempre que possam e não o desperdicem, quer seja para guardar em bancos públicos ou privados. É um produto biológico muito valioso pelo que devemos guardar todo o sangue do cordão umbilical que conseguirmos.”
“Devemos encontrar-nos no meio e preferir um corte do cordão que possa aumentar o volume de sangue que passa para o recém-nascido, mas sem comprometer a qualidade e quantidade da amostra a criopreservar. Só assim garantimos que as amostras colhidas têm a qualidade necessária”, afirma João Sousa, diretor de Qualidade do banco de tecidos e células BebéVida.
As atuais recomendações do American College of Obstetricians and Gynecologists indicam que, desde que a mãe tenha níveis adequados de ferro e que a gravidez tenha, pelo menos, 37 semanas, um corte do cordão umbilical entre 30 a 60 segundos após o nascimento permitirá garantir um resultado seguro para o recém-nascido e, em simultâneo, uma colheita adequada de sangue do cordão umbilical, caso seja essa a escolha dos pais.