Incontinência urinária: menopausa e parto entre fatores desencadeantes
Cerca de 40 por cento das mulheres que tiveram filhos vão apresentar um quadro de incontinência urinária (IU), ao longo da vida. A incontinência urinária de esforço (perda de urina com tosse, espirro, riso, pegar em pesos) é a mais prevalente, no entanto, outras incontinências urinárias como a de urgência (vontade súbita e inadiável de urinar, que a doentes não consegue inibir) podem ser ainda mais incapacitantes e afetar o bem-estar da doente.
Existem fatores promotores do aparecimento da IU, sendo que a gravidez e o parto normal são um deles. Outros existem como a menopausa, a história anterior de histerectomia, a obesidade e a tosse crónica, sendo que os principais são os defeitos do colagénio intrínsecos à doente e, muitas vezes, hereditários. Embora o parto seja um fator promotor de IU, não existe qualquer razão para contrariar o que é natural – o parto normal, indicando uma cirurgia agressiva – a cesariana, para tentarmos evitar uma hipótese – a IU, em tempo que não sabemos definir e que pode ser corrigida com uma cirurgia minimamente invasiva.
Durante a gravidez a mulher pode e deve ser ensinada e incentivada a fazer exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico. Estes exercícios são conhecidos como os exercícios de Kegel.
É também importante realçar que a cesariana está associada a outro tipo de incontinência urinária – a de urgência (a mulher sente uma vontade súbita e inadiável de urinar que não consegue inibir e perde ou pequenas gotas ou de forma catastrófica), e ao aparecimento de outros sintomas relacionados com alterações da inervação da bexiga que sofreu danos durante a cirurgia – noctúria (acordar com vontade de urinar várias vezes por noite), que tem efeitos muito prejudiciais na qualidade do sono destas mulheres e no descanso necessário para um dia de trabalho, aumento da frequência urinária (necessidade de ir mais do que oito vezes por dia à casa de banho).
Todos estes sintomas estão presentes num diagnóstico de bexiga hiperativa que parece ter uma prevalência de cerca de 17% das mulheres que sofrem de incontinência urinária. Sempre que a mulher manifesta sintomas de IU de esforço e de IU de urgência, estamos na presença daquilo que chamamos uma IU mista.
A IU, quando não tratada, pode ser fator de isolamento, de baixa autoestima que em último caso leva a síndromes depressivos. São mulheres que deixam de conviver até com a própria família, de executar as suas tarefas diárias, que deixam de participar nos eventos sociais ou familiares, por medo de perderem e mesmo com dispositivos de contenção (pensos) cheirarem mal. Muitas vivem em função de ter uma casa de banho por perto. Não podemos também ignorar o facto de este problema poder interferir com o relacionamento do casal. No caso particular da Bexiga Hiperativa a mulher pode por em causa o seu posto de trabalho, em determinados empregos, pelo aumento da necessidade de recorrer à casa de banho.
A IU é assim um problema de grande dimensão, que pode afetar os aspetos sociais, afetivos, laborais e económicos da mulher com este problema.
As mulheres precisam de ter conhecimento, de que a IU não é normal, nem a aceitar como uma consequência inevitável do envelhecimento. Existem tratamentos médicos, cirúrgicos, alterações de hábitos urinários e modificações da dieta que podem resolver este problema, muitas vezes conhecido como uma epidemia escondida. Para isso existem médicos que a podem aconselhar, nomeadamente os Ginecologistas especializados em Uroginecologia.