Bastonária considera dramático fim de convenções com ADSE
"É dramático, há espaço para todos coexistirem (...). Muitas das pessoas, eu incluída, que recorrem a esses hospitais [privados], porque têm uma convenção com a ADSE, vão ter que recorrer à rede de hospitais do SNS [Serviço Nacional de Saúde], que está com uma resposta muita deficiente", afirmou Ana Rita Cavaco aos jornalistas, na sede da Ordem, em Lisboa, no final de uma reunião com sindicatos e enfermeiros-diretores dos hospitais abrangidos pela greve nos blocos operatórios.
O Grupo Luz Saúde, que gere a rede de hospitais e clínicas Luz, comunicou ontem aos seus colaboradores o fim das convenções com o subsistema de saúde ADSE (dos funcionários públicos) a partir de 15 de abril.
A José de Mello Saúde, que gere a rede de hospitais e clínicas CUF, formalizou na segunda-feira a suspensão, com efeitos a 12 de abril, da convenção com a ADSE para prestação e cuidados de saúde aos seus beneficiários em toda a rede, podendo evoluir para denúncia definitiva da convenção, noticiou o jornal Expresso.
Os grupos de saúde privados invocam, entre outros motivos, alterações de regras e tabelas de preços desajustadas.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros entende que "tem que haver negociação e bom senso" e que à ministra da Saúde, Marta Temido, "falta-lhe talvez autorização para negociar".
O PSD pediu ontem a audição urgente da ministra da Saúde e várias entidades sobre a suspensão e o fim de convenções com a ADSE por dois grupos privados, alertando para os riscos de sobrecarregar um Serviço Nacional de Saúde "sem folgas".
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, acusou ontem os dois grupos da área da saúde de estarem a fazer chantagem com o SNS.