DPOC: deixar de fumar é a forma mais eficaz de reduzir o risco de ter a doença
Esta doença caracteriza-se por queixas respiratórias crónicas tais como: cansaço, falta de ar, tosse de predomínio matinal com ou sem produção de expetoração; associadas a obstrução das vias aéreas.
Para o seu diagnóstico é necessário um exame simples da função respiratória, que se designa de espirometria, que avalia e quantifica o grau de obstrução das vias aéreas.
A DPOC é muito comum ainda que largamente subdiagnosticada.
Estima-se que em Portugal atinga 14,2 % da população com mais de 40 anos, o que significa cerca de 800 000 mil pessoas. É atualmente a 4ª causa de morte no mundo.
A doença atinge sobretudo fumadores com mais de 40 anos de idade. Deixar de fumar é a forma mais eficaz de reduzir o risco de ter a doença e de evitar que ela progrida.
Grande parte dos doentes com DPOC tem outras patologias associadas que se designam de comorbilidades. As mais frequentes são as diferentes doenças cardiovasculares (Hipertensão arterial, cardiopatia isquémica, insuficiência cardíaca, arritmias, doenças cerebrovasculares e vasculares periféricas), alterações metabólicas como a diabetes, disfunção muscular, osteoporose, depressão e cancro do pulmão.
Faz parte da avaliação de um doente recém diagnosticado com a doença a pesquisa de possíveis comorbilidades uma vez são fatores determinantes da qualidade de vida relacionada com a saúde e do prognóstico.
O tratamento da DPOC tem como objetivos por um lado reduzir as queixas dos doentes, ou seja, reduzir o cansaço, falta de ar, tosse e expetoração, por outro prevenir a progressão da doença e as exacerbações agudas que têm um impacto muito significativo na evolução da doença, no bem-estar dos doentes e no seu prognóstico.
Habitualmente utilizam-se medicamentos inalados (broncodilatadores de diferentes classes e corticosteroides). Um dos grandes desafios do tratamento é precisamente conseguir que os doentes utilizem corretamente os inaladores. Estima-se que cerca de metade dos doentes cometam pelo menos um erro na administração do medicamento inalado o que compromete seriamente a sua eficácia. É necessário com a colaboração de todos os profissionais de saúde envolvidos (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos e outros técnicos de saúde), apostar no ensino repetido das técnicas de inalação adequadas para cada dispositivo.
Todos os doentes com DPOC, independentemente da idade, devem fazer a vacina das pneumonias e anualmente a vacina contra a gripe.
Nos casos mais graves pode ser necessário utilizar oxigénio e/ou ventiladores para facilitar a respiração.
Outro ponto fundamental do tratamento destes doentes é a reabilitação respiratória (RR), uma intervenção global e multidisciplinar, dirigida a doentes com doença respiratória crónica, que apresentam redução das suas atividades de vida diária. Integrada no tratamento individualizado do doente, a RR é desenhada para reduzir as queixas, otimizar a funcionalidade, aumentar a participação social e reduzir custos de saúde. O componente fulcral da RR é o exercício adaptado à condição do doente, mas para além disso é importante educar, promovendo uma modificação do comportamento e estilo de vida tornando o doente o mais possível autónomo no autocontrolo da doença. A avaliação e correção nutricional dos doentes são também mandatórias.
Por tudo isto, se tem mais de 40 anos é fumador/ex-fumador ou está exposto regularmente a inalação de poeiras ou gases, se tem tosse diária e se cansa mais dos que as pessoas da sua idade, procure mais informação junto do seu médico assistente para avaliar a necessidade de realizar uma espirometria. Não ignore a DPOC!