Sangue do cordão umbilical – uma fonte de células estaminais valiosa para a medicina regenerativa
Este ano, assinalam-se os 30 anos do primeiro transplante de sangue do cordão umbilical. Foi Mathew Farrow, com apenas 5 anos de idade, quem recebeu o primeiro transplante de sangue do cordão umbilical, doado pela sua irmã recém-nascida, para o tratamento de anemia de Fanconi. Este transplante, realizado em 1988 em Paris, constituiu o primeiro passo para o reconhecimento desta fonte de células estaminais como uma alternativa na transplantação hematopoiética. Desde então, já foram realizados mais de 40.000 transplantes em todo o mundo, 80% dos quais aconteceram nos últimos 10 anos, o que comprova a utilidade terapêutica destas células.
As células do sangue do cordão umbilical são semelhantes às que se encontram na medula óssea, e podem ser usadas no tratamento de mais de 80 doenças, na sua maioria doenças do sangue (como leucemias e alguns tipos de anemias) e do sistema imunitário, mas também doenças metabólicas. O leque de aplicações clínicas do sangue do cordão umbilical tem tendência a aumentar dado que a sua utilização se encontra em investigação em fase de ensaios clínicos - mais de 400 ensaios clínicos - em doenças como a paralisia cerebral, o autismo, a perda auditiva, a diabetes, o acidente vascular cerebral, lesões da espinal medula, entre outras.
Em Portugal, o primeiro transplante de sangue do cordão umbilical realizou-se em 1994, no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, para tratar uma criança de 3 anos que sofria de leucemia mieloide crónica, tendo o transplante de sangue do cordão umbilical, do seu irmão, sido realizado após quimioterapia. Com células estaminais guardadas em bancos familiares em Portugal, o primeiro transplante teve lugar no IPO do Porto, em 2007, numa criança de 14 meses que sofria de Imunodeficiência Combinada Severa, uma doença rara e fatal quando não tratada, tendo-se recorrido às células estaminais do irmão da criança doente, anteriormente criopreservadas na Crioestaminal. A criança ficou totalmente curada.
Seguiram-se outras utilizações de células estaminais do sangue do cordão umbilical: uma utilização autóloga num caso de leucemia mieloide aguda (Hospital del Niño Jesús, em Espanha) e oito utilizações no âmbito da paralisia cerebral (sete nos EUA e uma em Espanha). Nos casos das crianças com paralisia cerebral, os pais e os prestadores de cuidados, identificaram melhorias após a infusão de sangue do cordão umbilical. Recentemente, foram ainda libertadas duas amostras utilizadas em crianças com perturbações do espectro do autismo.
No futuro é expectável que sejam cada vez mais as doenças tratáveis com recurso a células estaminais. Na Crioestaminal, a investigação associada a terapias celulares é um dos nossos compromissos basilares, com 10% do volume de negócios a ser investido em Investigação e Desenvolvimento, promovendo, assim, o desenvolvimento de novas soluções que ampliem as aplicações terapêuticas destas células.