O crómio e os seus benefícios na Diabetes
Em Portugal estima-se que existam cerca de três milhões de pessoas com diabetes ou pré-diabetes e que a prevalência da Diabetes Mellitus tipo 2, uma patologia que “há alguns anos era típica da população idosa”, venha a aumentar, atingindo cada vez mais adultos jovens. Sedentarismo, excesso de peso e uma alimentação pouco cuidada, rica em gordura e açúcar, têm sido apontados como os grandes responsáveis pelo desenvolvimento da doença.
“A Diabetes é uma patologia caracterizada essencialmente por uma alteração no metabolismo da insulina e glicose. Sempre que comemos, a nossa glicemia ou «açúcar no sangue» aumenta”, começa por explicar Margarida Guerreiro. “Este açúcar tem de ser captado pelas células, de modo a que possa ser utilizado para obter energia ou criar reservas”, e é aqui que entra em cena a insulina, produzida e libertada pelo pâncreas após as refeições. De acordo com a especialista é esta hormona que facilita a captação do açúcar pelas nossas células.
No doente diabético, o pâncreas é incapaz de produzir insulina (diabetes mellitus tipo 1) ou apresenta resistência a esta hormona (diabetes mellitus tipo 2). Neste último caso “a insulina é produzida e libertada normalmente pelo pâncreas, viaja e liga-se às células mas estas deixam de responder adequadamente à sua presença e tornam-se ineficazes na captação da glucose em circulação”, explica Margarida Guerreiro.
As causas da DM1 não estão, como refere a especialista, claramente descritas e não serão, provavelmente, modificáveis. Trata-se de uma patologia de natureza autoimune “e que se manifesta geralmente numa fase precoce da vida (infância ou adolescência, embora possa manifestar-se mais tarde) ”. Já no caso da DM2, apesar de existir uma componente genética associada, o estilo de vida tem uma influência muito significativa. “Um padrão alimentar incorreto, o sedentarismo, excesso de peso e um perímetro abdominal elevado (que indica excesso de gordura visceral) são alguns dos principais fatores de risco para a diabetes mellitus tipo 2”, revela a nutricionista que aconselha um acompanhamento médico regular e a realização de análises de rotina para o diagnóstico precoce da doença.
A par da terapêutica farmacológica, a adoção de um estilo de vida mais saudável é essencial não só no que diz respeito ao seu tratamento como em matéria de prevenção. E aqui a alimentação tem também um papel fundamental.
Iniciar as refeições principais com sopa de legumes e inclui-los também no prato; alternar o consumo de carne e peixe; evitar produtos à base de farinhas refinadas e preferir cereais integrais ou fazer pequenas refeições, ao longo do dia, baseadas em alimentos pouco processados, como a fruta ou os frutos secos, são algumas das principais recomendações.
“Incluir a atividade física na rotina semanal é indispensável: cada pessoa deve encontrar um tipo de atividade que lhe dê prazer e que consiga praticar de forma consistente”, acrescenta Margarida.
Diabéticos têm frequentemente carência de crómio, dizem alguns estudos
Essencial para o organismo, com várias funções relacionadas com a ação da insulina e com a manutenção da normalidade do açúcar no sangue, o Crómio é apontado, em alguns estudos, como essencial ao controlo da diabetes.
Presente no solo, água e alimentos, é obtido através da alimentação ou, quando necessário, da suplementação.
“Uma vez ingerido, o crómio é absorvido a nível intestinal e transportado até às nossas células, onde é utilizado para formar um molécula chamada Cromodulina” e que funciona em equipa com a insulina, “sendo essencial para receber a mensagem que esta hormona envia para o interior da célula” permitindo que os canais de glucose se abram para que o açúcar em circulação seja captado de forma eficaz.
Quando existe carência de crómio, “a síntese de Cromodulina é comprometida e as células tornam-se menos eficazes a responder à insulina e a regular a glicemia”, explica Margarida Guerreiro.
Uma vez que alguns estudos sugerem que os diabéticos apresentam, com alguma frequência, carência deste mineral, a suplementação poderá ser a resposta para melhorar esta função.
“A suplementação pode ser importante e necessária para grupos da população cujas necessidades de crómio são superiores, como é o caso dos indivíduos diabéticos ou daquelas que, embora não tenham diabetes, apresentam já alguns sinais de resistência à insulina e alteração na glicemia – a chamada pré-diabetes”, adianta a especialista, referindo que vários estudos apontam um melhor controlo glicémico, redução nos triglicéridos e aumento do colesterol HDL em doentes que recorrem ao reforço deste mineral.
No entanto, a especialista chama a atenção para alguns cuidados. “Idealmente, a escolha do suplemento deve ser apoiada por um profissional de saúde competente, nomeadamente um farmacêutico”, devendo ser feita uma escolha criteriosa do suplemento a utilizar.
“Geralmente, os suplementos de crómio são vendidos sob a forma de comprimidos, mas o tipo de molécula presente vai influenciar a sua qualidade, eficácia e segurança”, revela aconselhando a prestar atenção às características dos produtos.
“De acordo com um parecer emitido pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, os suplementos que contém levedura enriquecida em crómio apresentam uma percentagem de absorção e um perfil de segurança bastante mais favorável relativamente aos suplementos com Cloreto de Crómio ou Picolinato de Crómio”, explica.
Apesar de ser necessário em quantidades mínimas – em Portugal, a legislação estabelece um valor de referência diário de 40 microgramas – a verdade é que o défice deste micronutriente é mais comum do que pensamos. “Alguns estudos publicados acerca do aporte alimentar de crómio dizem-nos que, numa dieta equilibrada tipicamente ocidental, dificilmente atingimos uma ingestão adequada de crómio”, justifica Margarida Guerreiro.