É urgente cuidar a saúde oral dos idosos portugueses
A propósito do Dia Mundial da Terceira Idade que se assinala no próximo dia 28, o Professor Doutor João Caramês, director clínico do Instituto de Implantologia, centro do Best Quality Dental Centers em Portugal, alerta para as limitações de saúde oral da população sénior também reconhecida em outros países: “De acordo com dados europeus, a percentagem de pacientes com mais de 70 anos a requerer tratamentos dentários aumentou consideravelmente ao longo dos últimos 13 anos. Considerando as necessidades de reabilitação oral da população em geral, estimou-se que aproximadamente 21% dos pacientes candidatos a reabilitação oral com implantes tenha uma idade igual ou superior a 70 anos”.
“A ausência de dentes naturais na população espelha uma realidade histórica sombria da saúde oral em Portugal”, afirma o especialista. “Durante várias décadas, o acesso a cuidados primários e secundários era muito reduzido, não apenas pela pouca informação e sensibilização dos pacientes para a importância da saúde oral, como também por um limitado número de profissionais capazes de um exercício clínico conservador e esclarecido. Creio terem sido estas algumas das principais razões que determinaram no presente uma estimativa tão elevada de desdentados na população. Em particular, em pacientes mais idosos, cuja 2ª geração foi vivida neste período.”
Hoje, o cenário alterou-se com uma classe de médicos dentistas maior em quantidade e qualidade. Contudo, os indicadores de saúde oral em Portugal estão ainda abaixo da média europeia. Como refere o Professor Doutor João Caramês “na análise realizada pela Nova Healthcare em trabalho publicado em 2016, observa-se que a limitação económica da população continua a ser um dos principais obstáculos a uma melhor saúde oral, em particular na população idosa. Enquanto clínico, considero fundamental que a classe prestigie a sua atividade clínica por forma a que junto do paciente este reconheça a saúde oral como uma prioridade. É importante continuar a educar os nossos pacientes para este princípio.”
A ausência de dentes naturais, traz consigo várias consequências, explica o médico: “Todos os pacientes deveriam ter direito a partilhar um sorriso sem receio da sua condição dentária. Infelizmente, observo que a maioria dos pacientes mais idosos não o faz por deterioração da sua saúde oral.”
Para além de uma perda da autoestima que, “muitas vezes inconscientemente, altera a sua forma de estar e comunicar com quem os rodeia”, o médico salienta também que “a sua expressão facial sofre alterações significativas em função do aprofundamento de sulcos cutâneos, colapso dos tecidos labiais e ou perda de dimensão vertical de oclusão”.
A questão da mastigação não pode ser esquecida, uma vez que a ausência dentária se traduz “quase sempre uma perda significativa da função mastigatória e um ajuste na sua dieta, que em alguns casos conduz a malnutrição, problemas do sistema digestivo, ou a um pior controlo da glicemia na situação de pacientes diabéticos. As próteses removíveis embora possam minimizar algumas destas condições, tornam-se desadaptadas e desconfortáveis à medida que o maxilar e a mandíbula se vão atrofiando. A sua utilização ao longo de vários anos contribui para uma insatisfação crónica do paciente”.
Situação que se pode evitar “fomentando uma cultura preventiva junto do paciente. A realização de consultas de Higiene Oral e ou visita ao seu Médico Dentista, com uma periodicidade variável consoante o perfil e os fatores de risco do paciente devem permitir um diagnóstico precoce e tratamento de lesões de cárie dentária e ou da doença periodontal”. No máximo, reforça o médico, “estas consultas deverão ocorrer de seis em seis meses”, mesmo que não existam queixas. No que diz respeito ao tratamento, o Professor Doutor João Caramês é da opinião que, “tanto quanto possível, se devem optar por abordagens minimamente invasivas que salvaguardam a saúde e a preservação dentária, sempre que possível”.
Ainda que o paciente geriátrico possa apresentar uma maior fragilidade física ou várias doenças crónicas, que exigem a toma de medicação diversa, “raramente estes são contraindicação para a realização de tratamentos dentários ou de cirurgia para a colocação de implantes. Contudo, é frequente ajustar a dose e o tipo de anestesia em situações de doença cardiovascular ou endócrina, detetar eventuais interações medicamentosas evitando a prescrição de certos fármacos como anti-inflamatórios não esteroides ou, em situações de maior complexidade clínica, estabelecer contacto direto com o médico da especialidade que acompanha regularmente o paciente”. O especialista acrescenta ainda que “na reabilitação oral com implantes o recurso a um fluxo de trabalho digital com cirurgia guiada possibilita ao paciente sénior o conforto inerente a uma intervenção mais rápida, com menor morbilidade e um período de cicatrização mais curto”.