Perturbação de pânico: metade dos doentes sofre de depressão
A Perturbação de Pânico é o problema mais comum em doentes que procuram ajuda médica devido a problemas de Saúde Mental. A Perturbação de Pânico caracteriza-se por ataques de pânico (períodos de desconforto ou medo intensos) associados a sintomas físicos como:
- desconforto ou dor no peito;
- palpitações;
- suores;
- dificuldade em respirar;
- sensação de tontura ou vertigem;
- formigueiros no corpo.
Estes ataques normalmente ocorrem inesperadamente, ao contrário do que acontece nas fobias que são provocadas pela exposição a estímulos específicos. A Perturbação de Pânico pode comprometer seriamente a qualidade de vida, pois os doentes tornam-se progressivamente mais incapacitados pelos próprios ataques, pelo medo da sua ocorrência e pelo desenvolvimento secundário de comportamentos de evitamento. A maior parte dos doentes desenvolve agorafobia (medo persistente e irracional a um objecto, actividade ou situação específica) que resulta num desejo obrigatório em evitar o estímulo. Nos casos graves os doentes podem ficar confinados a sua casa.
Perturbação de Pânico
Os ataques de pânico tomam a forma de períodos súbitos de ansiedade intensa e activação autonómica. A maior parte ocorre espontaneamente mas os ataques podem também ser provocados por emoções fortes, excitação ou exercício físico. A ansiedade é acompanhada por uma sensação de catastrófe iminente ou por um pressentimento de que um acontecimento terrível está prestes a acontecer. O doente teme perder o controlo, ter um problema grave de saúde ou enlouquecer. Na maior parte dos doentes, entre os ataques existe alguma ansiedade generalizada. A situação desenvolve-se mais frequentemente entre os 18 e os 25 anos, e é cerca de duas a três vezes mais comum nas mulheres do que nos homens.
A prevalência desta doença durante a vida é de 3,5%.
A Perturbação de Pânico é habitualmente uma situação crónica com evolução flutuante, embora alguns doentes apresentem remissões ou exacerbações. A relação entre o stress e os acontecimentos de vida e a gravidade e a evolução da Perturbação de Pânico é altamente individualizada. Nalguns casos, a frequência dos ataques de pânico e a gravidade da agorafobia estão diretamente relacionados com o stress de vida. Na maior parte dos casos, contudo, parece não existir associação entre a gravidade da doença e os acontecimentos de vida desencadeantes de stress. A Depressão e o Abuso de Álcool são complicações comuns da Perturbação de Pânico, afetando cerca de 50% e 20% dos doentes, respetivamente. A depressão desenvolve-se em alguma altura da vida de muitos doentes com Perturbação de Pânico; contudo a gravidade é imprevisível e pode variar de ligeira a grave.
Várias doenças cardiovasculares, endócrinas, neurológicas e psiquiátricas associam-se a situações semelhantes a ataques de pânico e torna-se necessários excluí-las para fazer um correcto diagnóstico de Perturbação de Pânico.
O tratamento da Perturbação de Pânico consiste numa abordagem farmacológica e psicológica integrada.
A farmacoterapia deve ser considerada em todas as situações, excepto nas mais ligeiras. O objectivo é controlar os sintomas. A recaída é comum após a interrupção do tratamento.
O tratamento farmacológico é realizado com antidepressivos e utilização pontual de ansiolíticos.
A terapia comportamental pode ser útil em doentes com Perturbação de Pânico embora desempenhe um papel menor do que nos doentes com fobias. A terapia cognitiva pode ser útil em doentes com Perturbação de Pânico sem Agorafobia. Nesta abordagem os doentes devem avaliar e re-interpretar as sensações que desencadeiam os ataques de ansiedade. Devem também refletir sobre a origem de tais sintomas e o papel do medo na sua manutenção.
Bibliografia:
Ansiedade, Pânico e Fobias
Fast Facts
Malcolm H Lader
Thomas W UhdeHealth
Press Oxford