Opinião

Imunoterapia e oncologia de precisão

Atualizado: 
23/05/2018 - 16:59
Um dos maiores avanços que surgiram nos últimos anos no combate ao cancro foi o desenvolvimento de imunoterapia ou terapia biológica. Ou seja: estimular as defesas naturais do corpo para que elas combatam a doença por si mesmas.

Esta ferramenta, que ainda tem muito a evoluir, oferece novas formas de recuperação para àqueles doentes que, não há muito tempo, eram considerados incuráveis. Além disso, tem uma percentagem menor de efeitos secundários do que a quimioterapia e pode ser útil para matar células cancerígenas, interromper ou retardar o seu crescimento e evitar que a doença se espalhe para outras partes do corpo.

Dependendo do caso com o qual tem que lidar, o oncologista tem várias opções que pode avaliar ao tratar um doente. Uma das mais inovadoras é a transferência de células adotivas ou ACT (Adoptive Cell Transfer), que aumenta o número de células T (T-cells) que um doente tem no seu corpo com o objetivo de combater certos patógenos. Geralmente é eficaz para alcançar uma regressão completa e duradoura em casos de melanoma metastático.

Outra opção é a terapia com vírus oncolíticos, injetando vírus geneticamente modificados para matar as células cancerígenas. À medida que morrem, os vírus libertam antígenos que causam uma reação do sistema imunológico do doente, direccionando-se para todas as células cancerosas no corpo de onde esses antígenos se originam. Um exemplo é encontrado na forma injetável do vírus T-VEC que a FDA aprovou em 2015 para o tratamento de lesões de melanoma que não podem ser completamente eliminadas com a cirurgia.

Outra via de imunoterapia é a dos anticorpos monoclonais, que envolve a produção de anticorpos contra antígenos tumorais específicos que são administrados aos doentes. E não podemos esquecer os inibidores dos pontos de controlo imunológico, muito variados e que, devido à sua grande eficácia em alguns doentes, já está a ser colocado nas primeiras linhas de tratamento em diversos tipos de cancro.

Nem sempre os tratamentos são adequados para qualquer caso oncológico: apenas entre 20% e 30% dos doentes respondem à imunoterapia, contudo a grande maioria dos que fazem esta terapia mantém-se livre de doenças por anos e com alta qualidade de vida. Portanto, é conveniente usar ferramentas que nos dizem que opção pode ser mais eficaz em cada caso, e para isso devem ser usados imunogramas específicos, como aqueles usados na OncoDNA. Estes prevêem, através de um estudo do tumor completo, a potencial resposta clínica aos inibidores de pontos de controlo imunológico baseados na análise de marcadores genómicos conhecidos como a expressão de PD-L1 ou a instabilidade de microssatélites, dando ao oncologista uma informação muito valiosa que servirá para personalizar totalmente a terapia que o seu doente tem que seguir, melhorando as suas perspectivas de cura.

Autor: 
Dra. Adriana Terrádez - Diretora da OncoDNA para Espanha e Portugal
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.